Teurgia – A Luz Divina a Serviço da Apoteose da Humanidade

Desde o ano 2005 venho tendo sonhos, sincronicidades e insights que me levam a pesquisar e me aprofundar no significado, não só de 2012, mas da época em que vivemos, sempre de maneira intuitiva, buscando seguir a orientação interior e compreender o que ela me mostra.

Em meu entender uma atitude aberta e o uso do discernimento são fundamentais para que as peças do quebra cabeças da vida sejam colocadas juntas nos dando uma visão panorâmica, mais inteira e profunda sobre os temas que surgem em nosso caminho.

Para mim o discernimento inclui o uso equilibrado do intelecto, razão, intuição, sentimentos, sensações e a experiência pessoal. Por isto este texto não é uma análise intelectual e fria de um tema, de fatos e dados, pois acredito que o observador está intimamente envolvido com o que ele observa e sua observação é afetada pelo que ele é, por suas crenças e seu estado de consciência. Minha intenção é compartilhar minhas experiências e entendimentos da forma mais fiel e coerente possível, através de um enredo. E faço isto porque é parte da orientação que vem de dentro.

Para aqueles acostumados com as visões mais recorrentes sobre 2012 e a época atual, ou que já tenham alguma opinião formada, este texto poderá parecer divergir do assunto, pois que integra temas da cultura grega antiga, mensagens canalizadas de Kryon através de Lee Carroll, bem como temas da própria cultura Maia, a fonte das informações originais sobre 2012. No entanto, lembro que o fio condutor da trama são as intuições, insights e sincronicidades, que fazem parte de uma inteligência e linguagem não lineares que transcendem as separações que traçamos, trazendo uma visão mais ampla, profunda e integrada. Chamarei a esta inteligência de “inteligência espiritual”.

Como compreendo 2012 como uma época de grandes oportunidades para mudanças na consciência humana, parte do enredo é um relato de minha própria transformação interior, evidenciando o fato de que o evento cósmico também acontece em nós, afinal de contas nós também somos o cosmos. Portanto, peço paciência à medida que o enredo se desenrola e as peças vão se juntando.

Como este enredo é também uma jornada acredito que algumas ferramentas possam nos ajudar a empreendê-la. Há uma parábola de Kryon que gosto sempre de usar como referência, pois ela fala sobre as ferramentas, as armas disponíveis e necessárias para a empreitada do autoconhecimento, para a batalha entre a ignorância e a sabedoria, a velha e a nova energias. Esta é a parábola dos Dois Grupos de Guerreiros que compartilho novamente antes de iniciar o enredo sobre 2012:

Os Dois Grupos de Guerreiros


Havia dois grupos de guerreiros em certo lugar no planeta Terra. Cada grupo sabia dos novos presentes divinos na Nova Era, e cada grupo era constituído de guerreiros da luz. Eles compreendiam seu contrato e sabiam que havia forças trevosas agindo com a intenção de impedi-los de completar suas metas pessoais. Então eles reivindicaram a Deus os presentes (dons) da nova energia e cada guerreiro recebeu seu pacote como solicitado.

Cada pacote dado aos guerreiros era pessoal e cada um continha três itens: uma espada, um escudo e uma armadura. A espada representava a verdade e nunca poderia ser quebrada. A verdade é pura e a espada oferecia uma defesa perfeita contra as investidas dos inimigos. O escudo representava o conhecimento – conhecimento das fraquezas do inimigo e conhecimento de milênios de arquivos dos antigos. Nenhuma energia podia penetrar o escudo, pois ele desarmava segredos e conspirações. Segredos e conspirações não podem existir à luz do conhecimento, porque seu poder depende do lugar sombrio da ignorância. A armadura representava o “manto do espírito de Deus”. Esta é a sabedoria da consciência espiritual que dá aos homens o sentimento de “partes de Deus” que eles são. Desta forma representava a sabedoria de Deus em todas as coisas – especialmente a sabedoria de empunhar a verdade e segurar o conhecimento ante um ataque.
Agora estava se configurando um ataque coordenado pelas forças das trevas. Os dois grupos de guerreiros da luz sentiam-se preparados e recorreram às suas armas para repelir o inimigo. Assim que as forças das trevas se aproximaram, o primeiro grupo abriu seus pacotes e olhou para seu conteúdo em descrença. Tudo estava em partes! Havia um manual com uma nota que dizia: REQUER ALGUMAS MONTAGENS. Eles não podiam sequer começar a se preparar para encontrar o inimigo e desta forma este grupo de guerreiros foi escorraçado e derrotado pelas mãos daqueles que agora podiam controlá-los. Ficaram amargos e pensavam que Deus havia os enganado com falsas esperanças e um falso sentimento de segurança. Mesmo depois de derrotados eles continuavam com seus pacotes, mas acreditavam que as ferramentas eram inúteis.
O outro grupo havia aberto seus pacotes há mais tempo. Tinham colocado suas ferramentas juntas mais cedo e praticado com elas. Aquilo tinha sido excelente, pois perceberam que a espada era muito leve para ser empunhada depois que se acostumavam com ela. Perceberam que o escudo apresentava tantas opções que levaram um bom tempo até conseguirem carregá-lo apropriadamente e a armadura era muito pesada. Com prática e meditação eles eventualmente aprenderam como equilibrar todas as armas e estavam prontos para a batalha.
Os guerreiros notaram que nenhuma ferramenta funcionava sem que as três fossem utilizadas em conjunto. A armadura, a mais próxima de sua pele era a chave, pois de alguma forma dava a eles a sabedoria para controlar a espada e o escudo. De fato o escudo era utilizado de várias formas, dependendo da situação, e a espada era facilmente manuseada quando o escudo era utilizado apropriadamente. Quando o ataque começou, o inimigo encarou aquele poderoso grupo e fugiu em polvorosa. A batalha sequer existiu e os guerreiros se regozijaram com sua vitória. Não houve espetáculo algum e nenhum ferimento foi sofrido.
E assim é.

Kryon

 

Neste enredo procuro usar todas estas armas, unindo a intuição divina (armadura) para coordenar os conhecimentos dos antigos (escudo) com a verdade (espada) que penetra o véu dos segredos, desinformações e distorções.  Eu lhe convido agora a vestir e empunhar suas armas para que possamos caminhar juntos nesta empreitada!

 

A Deusa e o Sonho Iniciático

Minha busca mais consciente sobre o significado de 2012, ou melhor da época em que vivemos, começou em 2005 através de um sonho e várias experiências que já relatei em outro texto, mas que volto a relatar agora em outro contexto, com uma nova leitura, pois outras peças do quebra cabeças já se juntaram desde então.

Considero este um sonho iniciático, em seu sentido original, como entendido nas escolas de mistérios antigas, onde há basicamente três etapas no aprendizado espiritual: A primeira é a purificação, a “preparação do solo”, processo pelo qual já vinha passando há algum tempo antes do sonho. A segunda é o ensinamento esotérico, uma espécie de charada, uma semente simbólica que é plantada e deverá ser cultivada por aquele que a recebe. A terceira, a visão panorâmica, o revelar dos significados e entendimentos, o florescimento da sabedoria contida na “semente simbólica”, que passa a fazer parte daquele que a recebeu, porque criou raízes, cresceu e frutificou dentro dele.

Pois bem, na noite de 3 de março de 2005 tive o sonho que relato agora:

Antes da parte onírica eu estava deitado em minha cama, naquele estágio limiar entre a vigília e o sono, quando vi à minha frente, como que pairando no ar, a imagem da deusa Hécate com suas três faces e tochas à mão. Sua presença era forte e senti que algum tipo de comunicação se estabeleceu entre nós. Ela estava prestes a iluminar meu caminho, apontando algo importante para meu processo de autoconhecimento. Logo após aquele breve interlúdio, num ato contínuo, fui levado para o mundo dos sonhos:

Eu me encontrava em uma pequena área circular a céu aberto cercada por uma tela prateada juntamente com algumas poucas pessoas. O ambiente ao redor era obscuro, parecia uma grande cidade fantasma com um céu acinzentado. Na verdade, não só o céu, mas tudo ali parecia cinza, envolto por uma penumbra. Era uma mistura das paisagens umbralinas descritas nos livros de Chico Xavier com algumas camadas do inferno de Dante na Divina Comédia, e a cidade das máquinas de Matrix! O lugar era de arrepiar!

Como era Hécate quem estava me guiando naquela dinâmica acredito que estava no submundo, o mundo inferior conhecido pelos gregos como o reino de Hades!

Mesmo que o local cercado fosse seguro eu me sentia confinado, limitado e queria sair, expandir meus horizontes. Era uma sensação muito forte aquela. Havia um pequeno portão na cerca prateada através do qual alguns tentaram sair. No entanto, quando chegaram do lado de fora foram atacados por uma matilha de cães ferozes que pareciam estar contaminados pelo vírus da raiva. Ajudei algumas daquelas pessoas trazendo as para dentro do ambiente protegido.

Ali daquele lugar dava para ver tudo o que ocorria na parte de fora. Olhando com mais atenção percebi que a cidade estava infestada daqueles cães raivosos e de seres humanos desesperados correndo de um lado para o outro junto daquelas criaturas sombrias. Parecia uma espécie de simbiose sinistra. Observando atentamente as possibilidades tive certeza de que não dava para sair na raça, pois eu poderia me tornar mais um naquela turba. Precisava encontrar outra saída, outro caminho. 

Foi então que comecei a procurar algo dentro do abrigo circular onde estava; mudei o foco do ambiente exterior para o ambiente interior; sabia que a solução para expandir a realidade e sair do confinamento tinha de estar ali.

Logo em seguida comecei a cavar o solo e encontrei um objeto em meio a algumas rochas e tive a certeza de que aquela era a chave para a liberdade! Eu podia sentir uma energia irradiando do objeto e uma alegria me invadiu. Era uma grande peça esferoidal de âmbar, pouco maior do que uma bola de basquete, que continha algo em seu interior.  Olhei bem para o âmbar, porém não conseguia discernir com clareza a imagem que ele envolvia devido à opacidade da resina fossilizada; no entanto, me pareceu uma escritura com algum símbolo astrológico, uma espécie de alinhamento.

O sonho terminou no momento em que eu examinava a “relíquia arqueológica”, tentando enxergar o que ela continha.”

Despertei com toda a informação do sonho e comecei a refletir sobre ele. Os significados foram se revelando aos poucos. Alguns ficaram evidentes rapidamente, mas outros só se revelaram bem mais tarde (até anos), depois de todo um processo de descobertas. Talvez as revelações continuem.

Como uma de minhas intenções é transmitir a noção deste processo de descobertas que ocorreu ao longo do tempo, procurarei apontar as épocas em que determinados entendimentos aconteceram. Portanto, existe uma linearidade relativa na composição deste enredo, pois informações do futuro se integram com informações do passado e do presente numa mistura mágica que só é possível na realidade do Agora. Quisera eu num poder de síntese suprema transmitir todo o significado e entendimento num instante, mas por enquanto espero que este texto pelo menos aja como um catalisador para este processo levando a uma compreensão fundamental.

Talvez uma releitura ajude nesta integração, assim como um caminho circular sobre o qual passamos uma segunda vez e vemos os mesmos elementos básicos, porém com sutilezas e nuanças que passaram despercebidas num primeiro momento.

Pois bem, continuando o enredo, a figura de Hécate, a deusa, é essencial, pois foi ela quem patrocinou toda a experiência, portanto começarei a interpretação, ou melhor, a ampliação, o desvelar dos significados, por ela.

Hécate – A Guia Interior

No dia anterior ao sonho eu havia começado a ler um livro chamado “Hecate Soteira”, de Sarah Iles Jhonston, um estudo sobre o papel de Hécate nos Oráculos Caldaicos (um texto inspirado que circulou nos círculos do paganismo tardio e nas escolas de filosofia, por volta de 300 dc). Eu tinha comprado aquele livro justamente para compreender melhor aquela deusa que já vinha mostrando sinais de sua presença em meu mundo interior desde o ano 2001 quando outro sonho muito importante brotou em minha consciência.

Naquele primeiro sonho de 2001, uma figura que eu considero um mestre iniciador, alguém que joga no “time do discernimento espiritual”, me mostrou um mapa astral (outro símbolo astrológico) dizendo: “Em breve você iniciará uma grande batalha contra as forças das trevas”. No mesmo sonho me vi ladeado por dois cães, um branco e um negro que se estranharam e começaram a brigar entre si. Acredito que as cores dos cães representavam a dualidade, luz e trevas, ainda não integradas em mim. Enquanto separamos luz e escuridão não há unidade interior, o movimento rumo à totalidade, à integração.

A presença dos cães já anunciava a orientação que eu teria em minha descida ao mundo inferior onde a batalha contra as trevas (purificação) aconteceria, pois os cães são psicopompos, ou seja, guias que conduzem a alma em seu processo de descida aos mundos plutonianos para sua purificação e posterior, ou melhor, concomitante ascensão. Por isto eles são símbolos de Hécate, uma divindade (uma figura arquetípica) que também tem o papel de guia e de salvadora, auxiliando a alma tanto na purificação quanto em sua volta para casa, o retorno ao estado de consciência divina, a consciência do Criador. Entendo a purificação e a ascensão como processos indissociáveis.

É importante salientar que na época deste sonho com os cães branco e preto eu não sabia nada sobre Hécate, o que só veio a acontecer anos depois, através de outras experiências e sincronicidades, num caminho intuitivo e natural de esclarecimento.

Em meus estudos descobri que nos Mistérios Órficos, na Grécia, uma das escolas de mistérios mais antigas do ocidente, os iniciados eram conduzidos por Hécate ao reino de Hades (Plutão), ao mundo inferior, para se purificarem.  Acreditava-se que o corpo humano era constituído de elementos dionisíacos (divinos) e titânicos (impuros) que precisavam ser purificados para que retornasse ao seu estado original, tomando seu lugar junto aos deuses, ou o mundo divino.

Hécate também era peça chave nos mistérios de Elêusis, os mistérios de Perséfone e Demeter, onde a descida ao mundo inferior para a purificação e divinização da alma era parte fundamental!

A importância de Hécate naqueles mistérios se devia ao fato de ela ser aquela que conduz ao submundo, ao interior da Terra! É ela quem tem as chaves que abrem as fronteiras, o limiar entre os mundos! Ela era uma das poucas figuras que transitava livremente entre o Hades e o Olimpo!

O submundo, o mundo inferior, não deve ser compreendido apenas como uma região sombria, pois isto representa somente seu primeiro estágio ou camada se puder chamar assim. Compreendo o submundo como o próprio inconsciente coletivo, como concebido por Jung, ou o outro lado do véu, o universo interdimensional como diria Kryon. Um “lugar” profundo e de alturas inimagináveis, morada dos deuses e anjos, seres mitológicos e mágicos e também do inefável, onde bebem os poetas, profetas e filósofos e por onde transitam heróis e xamãs. Uma parte muitas vezes esquecida e renegada de nós mesmos, a “fronteira final”, a eternidade, onde humano e divino se encontram, onde os opostos se unificam, a própria fonte da vida. Um lugar que tememos por nos parecer desconhecido, como a própria morte, onde a razão e o intelecto sozinhos não conseguem penetrar, mas onde a intuição e a imaginação estão em casa. Portanto, para adentrarmos este domínio mágico é importante nos abrirmos para a intuição e a imaginação, atributos de uma inteligência não linear que muitas vezes se personificam como guias, assim como a própria Hécate. Para transitar neste reino é necessário também morrermos, não no sentido literal, mas como Francisco de Assis disse uma vez: “É morrendo que se nasce para a vida eterna”. A morte (transformação) do eu para o nascimento do Eu e a constatação de que nascer e morrer se diluem na eterna presença do Ser.

O reino de Hades também não é um reino distante da vida cotidiana, mas a permeia a todo momento. Acredito que é o interior da própria matéria, o que inclui o nosso corpo, e que inclusive a origina, como abordarei em maiores detalhes em outra parte do texto.

Voltando então a Hécate, no período clássico do helenismo, centenas de anos antes de Cristo, sua figura era associada à feitiçaria e às trevas devido á sua capacidade de transitar por todos os mundos inclusive o mundo infernal de Hades (Plutão).  No entanto, na minha compreensão, os filósofos neoplatônicos, que existiram por volta do séc. II depois de Cristo, resgataram seu verdadeiro papel na psique e no cosmo, a de alma universal, a mediadora entre o mundo divino (mundo inteligível) e o mundo manifesto (mundo sensível), um terceiro elemento que age também como um catalisador para a eventual unificação entre humano e divino, dentro de nós.

Para os neoplatônicos Jâmblico e Proclo, também chamados de teurgos ou teurgistas, Hécate era aquela que lhes enviava as armas teúrgicas, necessárias para a batalha interior (purificação) e os verdadeiros símbolos que conduzem o homem de volta a Deus, à unidade. A propósito, teurgia, sobre a qual falarei mais adiante, significa o “trabalho divino”.

Segundo Hans Lewis, um estudioso dos Oráculos Caldaicos, Hécate assume vários papéis dependendo do nível consciencial dos indivíduos, como podemos observar nesta passagem:

“A Hécate Caldaica encontrava as almas humanas em formas sempre adequadas à sua condição interna: para aqueles afundados no corpo ela era a necessidade; para os pecadores, tentação demoníaca; para o renegado, uma maldição; para aqueles que buscavam sua natureza divina, uma guia; e para aqueles que retornavam para casa, a graça.”

É em seu papel de guia que vejo Hécate em minhas experiências. Aliás, em vários sonhos e experiências eu literalmente recebi armas e símbolos que me auxiliam no processo de purificação e ascensão, no trabalho divino. Tudo isto evidencia ainda mais a presença desta guia divina em meu interior e ao meu redor.

Os Cães Raivosos

Tendo esclarecido pontos essenciais sobre Hécate volto ao relato da experiência. Logo depois da visão da deusa e do sonho, ao despertar, lembrei-me de que um dos capítulos do livro Hecate Soteira, o qual ainda não havia lido, chamava-se “Os Cães-Demônios Caldaicos”! Não perdi tempo e comecei a ler o capítulo em questão para compreender o significado dos cães-demônios.

Naquele capítulo a autora transcreve fragmentos dos Oráculos Caldaicos que contêm referência àqueles personagens. Os trechos são os seguintes:

 

Fragmento 90

Pois, de fato do útero

da Terra surgem cães que

nunca revelam um sinal verdadeiro ao homem mortal

 

Fragmento 135

É essencial que você não encare estes cães antes de

iniciar seu corpo.

Pois sendo cães terrenos e difíceis não tem pudor,

e enfeitiçando almas eles constantemente desviam-nas dos ritos.

 

Fragmento 156

Aqueles que vivem uma vida miserável estão sempre acompanhados dos cães irracionais

 

Estas passagens ajudaram-me a esclarecer a natureza daqueles cães o que, por sua vez, me ajudou a ampliar o significado do sonho. Aqueles cães são “falsos guias”, “falsos centros” que não conduzem as pessoas à iluminação (salvação), mas as mantém na ignorância que é a mãe de todo sofrimento e desespero.

É importante salientar que os daimons (demônios), na concepção platônica e dos Oráculos Caldaicos, eram intermediários entre os homens e os deuses e não tinham o mesmo significado que têm no cristianismo, ou seja, o de um princípio do mal. Eram responsáveis pela manutenção do cosmo e pela fixação da alma na matéria. Assim como Hécate, suas características mais “negativas” eram proporcionais ao estado da alma encarnada.

Como alguns deles eram responsáveis pela fixação da alma na matéria muitas vezes os daimons exerciam uma espécie de força centrífuga que levava a alma para uma busca mais exterior, para satisfazer necessidades mais básicas ligadas à sobrevivência e aos desejos e por isso considerava-se que afastavam as almas de seu caminho de salvação, o caminho rumo ao centro verdadeiro que só poderia ser revelado pelo próprio centro verdadeiro, a luz espiritual.

Na visão da teurgia, o teurgo deveria então resistir aos impulsos dos cães demoníacos e, gradualmente, através da purificação, transformá-los e integrá-los. Ao fazer isto ele entrava em contato mais direto e consciente com o deus a quem o daimon servia, uma espécie de salto quântico que o colocava em relação direta com uma oitava superior daquela força natural. Os teurgos também descreviam este processo como a transição de uma vida governada pelo destino para uma vida orientada pela providência! Também poderíamos entender este processo como uma expansão da consciência como uma integração e transcendência de um estágio inferior de experiências dentro da espiral evolutiva, ou ainda o mover-se de uma vida determinada pelo karma para uma co-criada em parceria com a inteligência espiritual.

Na visão da psicologia junguiana os cães demoníacos seriam equivalentes aos complexos que são forças do inconsciente com uma forte carga emocional que controlam o indivíduo, o ego, governando suas ações de forma compulsiva. O processo terapêutico ou a individuação consiste em transformar estes impulsos, através de sua conscientização e integração, para que o individuo não seja mais controlado por eles, projetando fora de si as forças arquetípicas que os complexos representam. Jung dizia que aquelas forças arquetípicas deveriam ser “alocadas” em seu devido lugar, eliminando-se assim as projeções. A terapêutica, portanto, consiste literalmente numa reorganização interior, conscientização e uma auto-responsabilização!

Pois bem, a descrição presente no texto dos Oráculos Caldaicos, daqueles cães e a orientação para que os teurgos se mantivessem afastados deles enquanto a iniciação do corpo ainda não estivesse completa se encaixaram como uma luva com a informação do livro interior do sonho-visão que tive!

O fato de se falar da purificação (iniciação) do corpo e não da alma é muito interessante, pois sugere uma grande aproximação entre corpo e alma, quase uma identidade! Este detalhe fica ainda mais interessante quando consideramos as informações de Kryon sobre a ativação do DNA interdimensional, como peça chave para uma ascensão espiritual. O campo do DNA contém os registros Akáshicos, nossas memórias que devem ser limpas para que possamos evoluir ao próximo nível de consciência. Alma e corpo estão intimamente ligados e ambos participam do processo de expansão da consciência. Falarei mais sobre isto mais adiante no enredo.

Voltando ao livro Hecate Soteira, agora transcrevo os comentários da autora sobre o significado e o contexto onde as informações sobre os cães surgem e o seu relacionamento com os teurgos:

“De acordo com os fragmentos, estes cães desafiam os teurgos de diversas maneiras, enganando-os com falsos sinais ou symbola (símbolos), despudoradamente desviando suas almas, através de encantamentos, dos ritos que poderiam salvá-los. Estes cães apresentam uma atração irresistível para as pessoas muito fracas para viver a vida apropriada.”

Este comentário reforça o significado daqueles cães. Olhando por uma perspectiva psicológica, interior, poderia dizer que diferentemente dos cães de Hécate, que são guias, aspectos do Self, estes cães-demônios são falsos guias, aspectos egóicos ou sombrios, e talvez por isto em meu sonho eles surjam como “cachorros loucos”, ou seja, cães que têm sua natureza de guias corrompida por um vírus.

Pois bem, no sonho eu escolhi “não encarar os cães raivosos/demoníacos” voltando-me para dentro e para o centro, onde a verdadeira energia que leva à libertação e expansão estava simbolizada pelo âmbar com um posicionamento astrológico em seu interior.

Estes cães raivosos não representariam exatamente o que acontece atualmente? Quando aqueles que deveriam ser os líderes, tanto políticos quanto religiosos/espirituais, ao invés de liderarem rumo à ética, à liberdade, à paz, e à luz parecem conduzir exatamente na direção oposta, à corrupção, ódio, escravidão e obscuridade? Parece haver realmente uma proliferação dos “cachorros loucos”, raivosos, ao nosso redor.

É importante observarmos e tomarmos consciência das dinâmicas exteriores, o que acontece na sociedade, discernir, mas mais importante ainda é resistirmos à tentação do julgamento, do embate, de entrarmos na dinâmica do ódio e do medo, pois exatamente aí estaremos perdendo o foco do caminho libertário e sendo também contaminados pelo “vírus da raiva”. Onde está o cão raivoso dentro de você? Este é aquele que pode ser mudado, recuperando sua natureza original de guia da alma. Um dos caminhos para isto é o sacrifício, utilizando-se a Espada da Verdade, o que explico melhor na continuação deste Texto Consciencial.

O Sacrifício como Ato Teúrgico

Enquanto eu escrevia sobre o significado dos cães estava refletindo se seria importante para o enredo compartilhar outro sonho que tive alguns dias depois daquele, onde eu literalmente sacrificava um cão raivoso. Então a resposta veio simultaneamente, pois na televisão que estava ligada no quarto ao lado da sala escutei um diálogo onde um personagem da novela perguntava: “Você fará este sacrifício por mim?” Compreendi aquela pergunta como vindo da própria Hécate!

Já que estamos falando sobre 2012, nossa época atual e seu significado o tema do sacrifício é fundamental, uma vez que na cultura maia e em várias das culturas religiosas, ritualísticas e xamanísticas antigas e também contemporâneas o sacrifício ritual desempenhava ou desempenha um papel central. Entendê-lo torna-se, portanto, uma peça chave. Assim sendo, compartilho agora o sonho e depois seu significado:

“Estava no terreiro da fazenda de minha avó materna juntamente com várias pessoas de minha família. De repente surgiu o cachorro da fazenda e quando o observamos percebemos que ele estava contaminado pelo vírus da raiva.

Quando o vi soube que a situação precisaria ser resolvida, ele não poderia ficar vagando por ali daquela forma. Senti que a única maneira de resolver a questão seria sacrificando o animal.

Olhei então para meus familiares buscando neles algum apoio, mas parecia que ninguém queria realizar aquela tarefa. Percebi então que teria que realizá-la sozinho. Quando tomei consciência do fato surgiu no ambiente o objeto, a arma que me permitiria executar o trabalho, um revólver prateado. Quando tomei a decisão de pegar a arma, instantaneamente o cão foi imobilizado, como se estivesse preparado no altar do sacrifício!

Aproximei-me dele e tive relutância em realizar o que era necessário, pois sentia que aquele cão era parte da família. Foi então que a essência daquele animal começou a comunicar-se comigo em um nível intuitivo, pedindo que eu o sacrificasse, pois desde que fora contaminado pelo vírus, já não era mais ele quem estava ali. Ao ouvir a essência daquele ser me pedindo para realizar o sacrifício minhas dúvidas se foram e então fiz o que devia ser feito e disparei a arma observando então a bala prateada perfurando a cabeça do animal.

No entanto, tive a sensação de que a bala não havia penetrado o bastante para matá-lo de vez. Estranho a ideia de “não matar totalmente”, mas no mundo dos sonhos as coisas não são literais, portanto o que senti foi realmente que “sacrifiquei uma parte” e não todo o animal, ou seja, transformei em mim parte do que ele representava e não tudo. O processo de purificação continuaria.

Logo após o sacrifício do cão disse aos meus familiares para que não se preocupassem, pois eu já havia pressentido aquela situação. E o sonho terminou.”

 

Antes ainda de me aprofundar no simbolismo sacrificial presente em meu sonho, acho importante esclarecer um pouco sobre a teurgia (trabalho divino), pois que os sacrifícios desempenham um papel muito importante nela.

A teurgia era uma filosofia monista, inspirada na filosofia platônica e pitagórica, essencialmente ritualística e, eu diria, xamânica em contraposição à filosofia racionalista discursiva que prevalecia no mundo romano e helênico daquela época e que prevalece até hoje nos meios acadêmicos, o que, aliás, influenciou e influencia muito nossa cultura ocidental.

Acho importante também esclarecer que meus estudos sobre a teurgia aconteceram bem depois do sonho com Hécate e me ajudaram a aprofundar ainda mais o significado do sonho e também de 2012. Na verdade estes estudos, este resgate da filosofia antiga já estavam presentes no sonho como uma semente contida no símbolo do âmbar, sobre o qual falarei mais adiante!

Ao pesquisar um pouco mais sobre a teurgia fiquei impressionado com sua profundidade e percebi que ela mesma seria uma chave importante para o entendimento de todo este enredo que teve início com os símbolos que Hécate, a musa inspiradora dos teurgos, me trouxe. Nada mais apropriado!

É importante notar que há na teurgia a consciência do que poderíamos chamar de Deus único, a realidade última e suprema, criadora de todas as coisas, inefável, o Bem. No entanto deste Um emanaram os deuses e deusas, planetas e estrelas, daimons, a alma e a própria matéria, ou seja, a pluralidade. Por trás do aparente panteísmo, ao se dirigirem aos diferentes deuses, os teurgos tinham consciência de que estes eram emanações do Deus único, o inefável, também chamado por eles de Aion.

A teurgia é também chamada de alta magia, ou magia divina, a quintessência do que se conhece como magia. Para alguns é um estágio avançado da magia. Neste contexto o que diferencia a teurgia do que é mais comumente conhecido como magia é o fato de que na teurgia os rituais e práticas são realizados com o propósito único de levar o homem a Deus através da purificação da sua alma. À medida que este processo vai ocorrendo o homem se coloca a serviço da divindade, da consciência superior, tornando-se um veículo para sua manifestação e um agente de sua obra e não o contrário.

Na baixa magia normalmente o homem manipula as forças do cosmos para objetivos mais egoístas, colocando os daimons e, pretensamente, os deuses a seu serviço, sem necessariamente almejar sua própria divinização. Há uma corrupção do sentido essencial da Alta Magia, a Teurgia.

Este detalhe faz toda a diferença e merece uma reflexão profunda. Em tempos onde o conceito de co-criação está tão em evidência eu diria que isto é fundamental. Nossas intenções co-criativas servem ao nosso eu mais egoísta ou ao EU divino, ao Ser? Nada contra desejar manifestar coisas ou situações que nos tragam uma melhor qualidade de vida, mas quando nossa intenção principal é a ascensão, a volta para casa, servir a Deus, todo o resto vem naturalmente e da forma mais apropriada para nós de acordo com a vontade divina.

Mais uma vez me refiro aos ensinamentos de Kryon sobre a intenção pura e a co-criação. Kryon nos lembra de que há apenas um passo para a ascensão e a co-criação: a intenção pura.  Kryon traduz a intenção pura da seguinte maneira: o ser humano em uma entrega total voltando-se para o Criador e dizendo, “Deus, mostre-me o que eu preciso saber”. Depois simplesmente “escuta” a orientação divina, a inteligência espiritual, observando as sincronicidades, sonhos e visões, a terceira linguagem como diz Kryon, e então age de acordo, se encaixando em seu lugar único no Universo, trilhando o caminho de volta para Casa. Basicamente o mesmo princípio da teurgia!

Pois bem, falar de teurgia é falar de Jâmblico, um sábio esquecido de nossa história, que em sua época (240 a 325 d.c.) era chamado de “Divino Jâmblico”.  Jâmblico buscava um retorno às raízes, às origens da filosofia, o “amor à sabedoria”, e fazia uma forte crítica aos seus contemporâneos filósofos nos seguintes termos: Os gregos tinham-se tornado meros logicistas e seguidores das inovações discursivas. Ainda pior, por causa de sua arrogância intelectual tinham perdido contato com seus próprios mistérios e estavam corrompendo os ritos de iniciação dos outros”.

Através da teurgia Jâmblico buscava resgatar o sentido original da filosofia de Platão que, por sua vez, era inspirada nos mistérios pitagóricos e do antigo Egito. Naquelas escolas da alma o objetivo principal era elevar o homem à condição de Criador, literalmente despertar a inteligência divina no homem, o tornar receptivo à inteligência dos deuses, ou de Deus. Isto implicava e implica colocar a razão e o intelecto a serviço desta inteligência espiritual ou transpessoal.

Diferentemente da teologia que é um discurso sobre Deus, uma tentativa intelectual de compreender Deus, teurgia é o trabalho de Deus, se colocar receptivo à própria mente divina e realizar sua obra. A teurgia consistia basicamente de práticas rituais e mânticas procurando manter a ressonância com os ritmos do cosmo (o que inclui a observação de ciclos astrológicos e da natureza), para que o homem participasse da mente do criador, de seus mistérios, e se tornasse ele mesmo divino e um Co-criador. Portanto, a teurgia unia salvação (iluminação) com cosmogênese (criação). Ao meu ver ambas estão intimamente ligadas e não se diferenciam uma da outra. À medida que a alma se purifica, retornando ao estado original de divindade (a imagem e semelhança) ela se torna cada vez mais inspirada divinamente e agente consciente da criação.

A importância dos rituais neste processo é que eles consistem de uma linguagem simbólica e transformadora onde o homem reencena os mitos colocando-se, portanto, em contato com a linguagem não linear e metafórica dos deuses, ou do inconsciente, como diria Jung! É um processo de duas vias, pois ao dirigir-se à dimensão divina através de sua própria linguagem, o homem recebe dos deuses inspiração e orientação para que o reencontro se estabeleça. Neste processo há então a transformação da alma humana que deixa de se identificar apenas com “a parte”, delimitada pela superfície da matéria, o ego junguiano, para se relacionar com o todo, a mente divina, as profundezas, o Self, enxergando através do véu ilusório da separação.

Podemos também entender o ritual como um ato criador fragmentado, uma imitação do Demiurgo (o Criador na concepção platônica), pois segue os ciclos de tempo demonstrado pelo movimento dos corpos celestes, enquanto o ato criativo do Criador é simultaneo e completo, ou seja, acontece no Agora. Havia para os teurgos uma clara distinção entre as diferentes naturezas do tempo: cíclico no universo manifesto e atemporal na realidade divina. A realização do ato ritual visava sincronizar as realidades humana e divina, despertando em nós humanos ressonâncias atemporais, eternas e sempre presentes, mas inconscientes! Eram como uma nota tocada em uma oitava em que podia ser apreendida, mas que por ressonância despertava uma oitava superior, não perceptível a principio, que começava a vibrar em uníssono. À medida que o homem prosseguia naquelas práticas elas se tornavam cada vez mais sutis e integradas à sua alma, ao seu corpo, chegando até um ponto onde não seriam mais necessárias, pois teriam cumprido seu papel de devolver o homem à sua condição divina. Portando o uso dos rituais é relativo e se sutiliza até que não seja mais necessário.

Neste processo ocorre o encantamento do cosmo, que passa a ser visto e vivido não como um objeto inanimado e separado do observador, mas um organismo vivo, permeado de beleza e consciência, onde o homem participa como agente criativo em contato fluido e contínuo com as forças criativas do universo que são uma extensão dele próprio.

Há pontos fundamentais dentro da concepção teúrgica do universo de Jâmblico que a diferencia de outros filófosos neoplatônicos mais conhecidos como Plotino e Porfírio os quais influenciaram e influenciam imensamente o próprio cristianismo.

Na concepção destes últimos o sofrimento da alma encarnada era devido à matéria, à própria condição da encarnação, portanto a salvação consistia num afastamento da matéria e numa ascenção ao Nous (mente universal na visão platônica) através da contemplação, ou ao Céu (visão cristã) através da salvação ou conversão à fé cristã. Mesmo que na concepção de Plotino e Porfírio a criação não seja considerada má, esta visão negativa da matéria levava a uma certa demonização, uma dessacralização do próprio universo criado, do cosmo, da dimensão física e material.

Para Jâmblico, no entanto, todo o cosmo (a criação), era divino e nele estava presente a energia e os símbolos (synthemata) do Criador, ou dos deuses. A questão do sofrimento provinha de uma desorganização das harmonias divinas presentes na alma devido à sua encarnação, à sua manifestação na matéria, e não à própria matéria. Aquela condição levava o homem a esquecer-se de sua visão do todo, do sagrado, e a se identificar e a agir de acordo com a parte tendo, portanto, uma visão fragmentada da realidade.

As práticas teúrgicas visavam justamente reorganizar as proporções da alma, ajustar as vibrações e ressonâncias para que esta voltasse a manifestar a harmonia celeste, restabelecer a comunicação divina e cessar o sofrimento, aqui mesmo no cosmo! Poderíamos dizer que havia um movimento da alma em direção ao Nous, mas também do Nous em direção à alma à matéria, ao corpo.

Para Jâmblico a encarnação da alma não era um ato punitivo ou imposto a ela, mas um ato volitivo do Criador, um processo onde o próprio Criador poderia “experimentar e observar a criação” de dentro dela mesma, através dos homens (e mulheres) que fizessem seu caminho de volta para Casa, completando o circulo e restabelendo a aliança, a ordem divina, enquanto em pleno contato com a matéria, literalmente trazendo o Céu para a Terra e continuando o ciclo criativo.

Na visão teúrgica todos os elementos do cosmo como os minerais, plantas e animais continham em si as vibrações dos deuses, eram seus synthemata (símbolos), portanto divinos e por isto eram utilizados nos rituais, pois desta maneira o homem poderia acordar dentro dele aquela mesma ressonância, colocando-se em relação mais direta e correta com os daimons e os deuses a quem os primeiros serviam. Além disso, a observação atenta do cosmo poderia revelar a linguagem divina espelhada nele. Este é o principio hermético da simpatia, o que está em cima é como o que está em baixo.

Gostaria de exemplificar isto através de uma experiência vivida durante uma canalização de Kryon realizada em 2012 na Ilha do Sol, no Lago Titica na Bolívia. Compartilho aqui um trecho de uma filmagem que fiz. Peço que preste atenção ao que Kryon (voz divina) nos revela naquele momento e o símbolo (symthemata) que surge logo depois, espelhado no cosmo, na natureza.

 

 

Não há equivoco ou coincidência aqui! Era a estes sinais que os teurgos se referiam, eles ocorrem de forma sincronistica, basta ter olhos para ver.

Para Jâmblico todos os rituais eram importantes, desde os mais grosseiros como sacrifícios animais, até os mais sutis, pois cada um se adequava às diferentes condições e níveis de purificação das almas que os realizavam. A sintonia com a intensão do ritual também era considerada fundamental para sua efetividade, pois atos mecânicos, sem um maior envolvimento emocional e consciência do que representava não teriam a força necessária para “atrair a bênção dos deuses” e desencadear o processo transformador. Este detalhe, esta tolerância de Jâmblico é muito importante porque evidencia em ultima instância a compaixão, o respeito à diversidade de caminhos e niveis de consciência.

Gregory Shaw, autor do livro “Teurgia e a Alma – O Neoplatonismo de Jâmblico” diz que muito provavelmente a forma de prática teúrgica mais elevada era a utilização nos rituais de geometria, sons e números, pois representavam uma sutilização da linguagem simbólica, uma linguagem ainda mais próxima dos deuses! Jâmblico também dizia que as formas de teurgia mais sutis eram reveladas pelos deuses diretamente ao teurgo, muitas vezes em sonhos e visões!

Esta informação está perfeitamente de acordo com os ensinamentos de Kryon e também com a EMF BT, a tecnologia da Gematria e os Tons Pineais, ferramentas que utilizo e que tomarei a liberdade de chamar de práticas teúrgicas modernas! Além do uso da linguagem geométrica e dos sons, foi exatamente através de visões, experiências de êxtase, que a EMF, a tecnologia LASER da Gematria, e os Tons Pineais, foram revelados a seus originadores Peggy Phoenix Dubro e Dr. Todd Ovokaitys!

Poderia falar muito ainda sobre a teurgia sem, no entanto, abarcar todas as suas nuanças, sutilezas e complexidade, mas este não é mesmo meu objetivo, mas principalmente trazer sua essência dentro de uma linguagem atual. Para aqueles interessados em se aprofundar neste tema recomendo os livros Hecate Soteira de Sarah Iles Johnston, Theurgy and the Soul de Gregory Shaw, e os livros que trazem os próprios fragmentos dos escritos de Jamblico, Iamblichus Des Mysteriis de Emma C. Clarke, e Iamblichus De Anima de John F. Finamore e John M. Dillon.

Agora sim, tendo esclarecido mais sobre a teurgia,farei a interpretação do sonho sacrificial. Pelo que vimos até agora o sacrifício é um ato simbólico, um ato teúrgico, representando uma purificação, uma transmutação de um elemento corrompido (invertido), desarmonizado, para que haja a espiritualização, a aproximação de um estado original e essencial de harmonia e perfeição divina.

No sonho o que foi sacrificado foi o cão raivoso que pertencia à minha família.  O fato de o cão pertencer à família e, porque não, de fazer parte dela o torna parte de mim mesmo, da história de minha alma.

Outro significado importante talvez tenha a ver com a hereditariedade, algo herdado da família e em escala maior da própria família humana. Como veremos mais adiante, quando falarmos da cultura maia e de sua compreensão dos ciclos de tempo associados à consciência humana, perceberemos que este “falso centro”, que em meus sonhos é representado pelo cão raivoso, está realmente associado a um estado de consciência da coletividade cujo ciclo se encerra!

Como já vimos, através das sincronicidades e de outras informações, o cão raivoso representa um “falso guia”, um “falso centro”, um aspecto que tende a afastar a alma de seu processo de purificação/ascensão, mantendo-a na ignorância de sua natureza divina. Portanto, sacrificá-lo significa transformar esta tendência, refinar a orientação interior e ampliar a consciência rumo à realização da mestria, da manifestação da divindade interior.

Outra forma de observarmos isto é compreendermos este ato como um sacrifício à deusa Hécate. Não por acaso na Grécia antiga os cães eram oferecidos em sacrifício a ela! À luz de nossa explicação sobre os daimons, compreendemos que sacrificar o cão raivoso é realizar uma purificação e assim ter acesso mais direto e profundo à divindade a quem o cão (daimon) serve, à guia divina Hécate e, em última instância, ao Eu Essencial. Por isso senti que era Hécate quem me falava através da frase na novela: “Você fará este sacrifício por mim?”

Outro detalhe importante no sonho foi o surgimento da arma, a ferramenta para o sacrifício, no momento exato em que era necessária. Como já descrito, os teurgos recebiam armas e símbolos de Hécate para que realizassem seus rituais! Portanto, isto evidencia mais uma vez a presença de Hécate provendo a arma teúrgica necessária para a realização do rito!

Não poderia deixar de comentar outro aspecto relevante, o fato da arma e de sua bala serem de platina (não de prata), elemento que também estava presente na cerca que me protegia dos cães raivosos no sonho iniciático. Não tenho dúvida de que a platina era o elemento ou a energia presente, pois em fevereiro de 2005, no mês anterior aos dois sonhos onde apareciam os cachorros loucos, eu tinha ido à Argentina para participar dos cursos das Fases V-VIII da EMF onde trabalhamos com a energia platinada! Lá tive uma outra experiência mágica com a energia da platina, que está relatada em outro texto que escrevi, talvez me preparando para o que viria a seguir. Aqueles que quiserem lê-lo podem acessá-lo por este link https://faroldeluz.com.br/emf-e-alquimia-2-platina/

Basicamente a platina é um catalisador de processos de transmutação, além de representar pureza e integridade. Ela tanto “protege” de energias “negativas”, quanto causa sua transmutação. Por estas características fica fácil compreender porque a platina estava presente na cerca (proteção) e na arma (transmutação). Mais um elemento teúrgico!

Geralmente os processos de mudança enfrentam certa resistência e isto esteve presente na dinâmica do sonho quando tive relutância em sacrificar o cão. Esta resistência pode se vestir de diversas maneiras: como comodismo, apego a situações, hábitos e características já conhecidas, baixa autoestima, por não acharmos que temos força para mudar e irmos contra a correnteza. De qualquer forma a resistência é algo natural e precisa ser vencida para que a transformação ocorra.

É necessário um estímulo, uma motivação para a mudança que, no meu caso, se manifestou de duas formas, primeiro na conscientização de que algo não estava bem (o cachorro raivoso) e poderia causar sofrimento caso nada fosse feito. Depois, o que realmente me impeliu ao ato transformador foi uma comunicação, uma orientação vinda de uma camada mais profunda e essencial, que no sonho se expressou através do próprio cão.

Mesmo vencendo a resistência e literalmente puxando o gatilho minha sensação foi a de que a tarefa não tinha sido totalmente realizada, como se a bala não tivesse força suficiente para atingir um órgão vital do cão raivoso. Talvez isto represente o fato de que, assim como na alquimia, os processos de transformação em nossa realidade são cíclicos, e acontecem ao longo do tempo com cada vez maiores níveis de purificação, até que o padrão seja completamente transformado. É preciso paciência, observação e trabalho contínuo.

Esta consciência e a observação clara e honesta de nossos padrões também são importantes para que não sejamos vítimas do auto-engano, afinal de contas o “falso centro” insiste em nos mostrar falsos símbolos para que permaneça no controle.

Mais recentemente (janeiro de 2011), seis anos depois daquele primeiro sonho, e depois de já ter iniciado a escrita a respeito do sacrifício, tive outro sonho onde senti a mesma necessidade de sacrificar um cachorro que “me pertencia”. Porém este já não era um cão raivoso, o que evidenciava uma maior purificação com relação ao primeiro. Era um cão velho e agressivo que não atendia meus comandos e que por isto era uma ameaça aos meus vizinhos e às pessoas que se aproximassem da casa, ou seja, meus arredores. Interessante que este cão era “exclusivamente meu”, e não mais da “minha família”.

Da mesma forma, como no primeiro sonho, eu soube que só através do sacrifício conseguiria resolver a questão. Então imobilizei o cão e procurei ao meu redor a ferramenta para realizar a tarefa. De repente, surgiu uma mulher desconhecida que me entregou uma pistola branca. Peguei a arma, apontei para a base da cabeça do animal e puxei o gatilho, mas mais uma vez senti que a bala não atingira um órgão vital!

Naquele momento intui que a arma deveria ser encantada com algum símbolo, ou uma gema para que tivesse a força necessária para cumprir aquilo a que se destinava. Em seguida surgiu no ambiente um amigo que eu não vejo há muito tempo, me sugerindo que eu colocasse a arma exatamente no furo feito pela primeira bala e puxasse novamente o gatilho. O sonho terminou naquele instante.

Preciso abrir mais um daqueles parênteses mágicos, em tempo real, o que tem acontecido tão frequentemente ao longo da escrita deste texto. Logo após escrever o trecho acima fiz uma pausa e fui para o quarto onde estava passando uma série de humor chamada Big Bang Theory. Comecei a assistir o capitulo e qual não foi minha surpresa quando observei o protagonista, Sheldon, uma espécie de gênio nerd, ensinando uma garota a jogar RPG. Ele disse o seguinte: “Para passar desta fase você precisa usar uma espada encantada!“ Fecha parênteses.

Como diria Rolando Lero, “Captei! Captei vossa mensagem, ó sábia guru”! Na verdade eu já havia captado aquela mensagem, como relato a seguir, mas agora recebia mais uma confirmação!

Voltando ao relato, logo após aquele sonho, marquei uma sessão com meu terapeuta para que ele me ajudasse a interpretá-lo. Senti que precisava de outro olhar, caso houvesse algum detalhe me escapando.

Ao contar-lhe o sonho ele fez dois comentários que foram suficientes para que eu enxergasse o que era importante. O primeiro foi: “Tenho a impressão de que você não está usando a ferramenta adequada.” Perguntei qual seria a ferramenta adequada? A resposta: “Você recebeu uma arma branca, mas a pistola não é exatamente uma “arma branca”. Acho que uma lâmina seria ideal para cortar de vez o vínculo com este padrão”.

Então veio o clique: “A espada!” Sim, pois em junho de 2008 em um sonho lúcido eu havia recebido outra arma, uma espada encrustada com uma esmeralda e com alguns glifos, ou seja, uma gema e alguns símbolos mágicos! Uma arma encantada! O sonho foi assim:

“Estava em uma espécie de arena escavada no solo, no meio de um deserto. Era um lugar onde aconteciam lutas. No centro da arena havia o que me pareceu ser um monstro extraterrestre com características humanóides. A criatura era muito forte e eu sabia que seria difícil alguém derrotá-la.

Havia também um homem gigantesco, que parecia um viking, enfrentando o monstro, mas mesmo ele não seria páreo para a criatura.

Eu e muitas outras pessoas observávamos o combate como nos tempos da Roma antiga ou como nos modernos MMAs.

Então, percebi em meio à multidão um ser que parecia um dragão. Ele tinha em suas mãos uma espada incrustada com uma gema verde, uma esmeralda, e gravada com alguns símbolos. Imediatamente eu soube que a única maneira de derrotar o monstro guerreiro seria com aquela espada, mas para isso teria que tomá-la da outra criatura! O que fazer?

Seguindo meu instinto fui em direção ao ser dragão com a intenção de enfrentá-lo e tomar-lhe a arma, mas para minha surpresa, quando me aproximei ele estendeu os braços e me entregou a espada, como se ela me pertencesse. O sonho acabou ali.”

Um detalhe importante é que este sonho aconteceu em Sedona no Arizona, EUA, onde tinha ido para participar dos cursos das fases IX a XII da EMF.  Sempre que participo de uma formação da EMF recebo em sonho ou mesmo em vigília uma ferramenta ou símbolo importantes. Entendo a EMF como um catalizador para que possamos acessar os potenciais únicos que carregamos!

Daquela vez recebi uma ferramenta mágica para uma grande batalha interna, contra um inimigo poderoso. Três símbolos foram muito importantes naquele sonho: o dragão, a espada encantada e a esmeralda.

A interpretação poderia ser extensa, mas algo que chama a atenção e que pode sintetizar seu significado é sua relação com o mito do Rei Arthur e a busca do Santo Graal.

O Dragão: Arthur era filho de Uther Pendragon, cujo estandarte era exatamente um dragão vermelho que representava a verdadeira linhagem real, a nobreza. Em algumas abordagens do mito de Arthur como nas “Brumas de Avalon”, o dragão representa a “velha religião” que tinha como grandes sacerdotes Merlin e Viviane. Este tema e a figura do Mago Merlin, (ou seria Teurgo?) me lembram Jâmblico e sua luta para reviver a “antiga filosofia”.

Mesmo que o dragão seja um símbolo ambíguo, sendo visto como maligno em muitas culturas e mitologias, Kryon nos traz uma perspectiva interessante e parecida com a do dragão do mito de Arthur.

Agora compartilho alguns excertos dos textos de Kryon onde ele fala sobre o dragão:

 

“Há muitos que compreendem as criaturas espirituais do solo (o pó da terra). Também há muitos que não compreendem as criaturas do solo. Alguns disseram que elas são do mal. Mas não são. Nunca foram. Elas amam a humanidade, aquelas que instalaram a grade cristalina. Elas não apenas possuem interdimensionalidade, mas também atributos físicos. Farei agora uma afirmação, e espero que ninguém que esteja ouvindo ou lendo, compreenda mal o significado. De uma maneira interdimensional e metafórica, daremos um nome associado àqueles que fisicamente instalaram a Grade Cristalina, e usarei uma palavra – não compreendam mal. Para alguns, a palavra criará todo tipo de visões dentro de sua mitologia. A palavra é dragão.

Energia do dragão… não o mal. Por favor, não compreendam isto mal. Metaforicamente, o que o dragão significa para o planeta em sua mitologia? Vivendo sob o solo e muito poderoso, foi a mitologia que fez dele um monstro. Ele viajou de vila em vila, matando. Esta não é a energia do dragão da qual falamos. É difícil descrever porque identificamos isto desta forma para vocês, mas, mais uma vez, é totalmente metafórico e não pode ser explicado para vocês em 4D. Significa força. É estabilidade. É a energia criadora da Grade Cristalina! Outro nome dado à grade cristalina por aqueles responsáveis por ela é a Grade de Luz. Outros a têm chamado de a Grade da Estabilidade… a fundação do planeta, espiritualmente. Tem muitos nomes. É a próxima marcada para mudar e em sua alteração irá “apertar a mão” da era da responsabilidade. É isto que vem a seguir.”

 “Demos a vocês algumas palavras as quais nunca tinham ouvido de Kryon antes. Nós lhes advertimos para não pegarem estas palavras e criarem nelas uma visão de sua mitologia, mas atribuí-las um valor justo, pelo que elas significam espiritualmente. Nós lhes falamos sobre os criadores da Grade Cristalina, a energia do dragão e da nobreza – não o dragão mitológico de sua história, o animal que destrói. Não. É a nobreza e a magia da criação, a energia do dragão. Depois dissemos que esta energia do dragão estava re-despertando. Também falamos sobre o que está acontecendo com a Grade Cristalina – que vocês estavam vendo a verdadeira estrutura cristalina, tanto espiritualmente quanto fisicamente, sendo reescrita no planeta. Foi isto o que dissemos.

Até mesmo no nível básico, aqueles de vocês que compreendem os cristais compreenderão que existe uma modalidade de armazenamento lá. Os cristais armazenam frequências, e frequências são uma linguagem. Freqüências, arranjadas apropriadamente, são a linguagem do Espírito – números e ciclos. Até mesmo a malha cósmica é totalmente feita de frequências. Portanto, sigam isto, porque é uma nova informação: A Energia do Dragão desperta, e os criadores da Cristalina começam a alterá-la com a ajuda da humanidade. Vocês estão reescrevendo a informação que está armazenada na estrutura cristalina do planeta. O que vocês estão reescrevendo? Talvez sejam instruções? Não. Vocês estão reescrevendo a história do planeta.”

 “Deixem-me lhes dizer o que está acontecendo. Os cristais dos Registros Akáshicos estão sendo carregados com a Energia do Dragão. Dentro da reescrita da Grade Cristalina vem a reescrita dos Registros Akáshicos. Este é o segredo por trás da reescrita da consciência humana enquanto ela está sendo modificada no planeta agora mesmo. Vocês estão sendo insuflados com (dragão) nobreza e uma profunda mudança em seu relacionamento com a história no planeta. A reescrita vai, na verdade, modificar as suas visões sobre o que aconteceu, não a própria história do que aconteceu. Aquilo foi drama ou lição? Foi parte de um plano ou um caos? Cria raiva e ódio, ou um modelo do que não fazer? Isto pede ação? Se sim, esta ação é de vingança ou solução? Vocês compreendem o que “reescrita” realmente significa?”

 “Tudo bem, estamos quase terminando. A 7ª camada do DNA ainda tem outro nome. É a camada do Dragão – o criativo, a semente estelar; o lemuriano, o Índigo. É uma consciência que desperta e trás a você o potencial da semente biológica original. Esta camada tem estado dormente como uma cápsula do tempo. É aquela que tem o médico intuitivo dentro dela.”

 Bem, deixarei que estas palavras falem por si mesmas.  No entanto, queria apenas chamar a atenção para a similaridade entre o conceito da “reescrita da grade cristalina do planeta”, a reescrita das frequências, da informação fundamental, citada por Kryon com o conceito de “reorganização das harmonias da alma” proclamada pelos teurgos. Ambos também falam de um retorno a um estado original, onde a linguagem intuitiva, a comunicação com os deuses é reestabelecida.

Continuando o desvelar dos símbolos passamos agora à Espada Encantada.

A Espada Encantada: Em algumas versões do mito Arthur retira da rocha a espada encantada Excalibur, em outras ele a recebe da Dama do Lago. Independentemente da versão do mito a espada mágica Excalibur era a ferramenta que lhe permitiria vencer suas batalhas em busca do Santo Graal e da criação de Camelot! Uma ferramenta, uma arma teúrgica, que representava a justiça e a verdade!

Kryon também cita a espada, de forma simbólica, como uma ferramenta necessária à ascensão como vimos na parábola “Os Dois Grupos de Guerreiros”.

A Esmeralda/Graal: O primeiro significado e talvez o mais óbvio e profundo é o fato de a esmeralda ter a cor verde do chacra do coração. No entanto, gostaria de amplificar e observar outras facetas por isto me volto novamente para o mito do Graal.

Existem várias versões do mito do Graal e de Arthur que surgiram mais ou menos na mesma época, por volta do século XII sendo uma das primeiras a de Chrétien de Troyes. A este fenômeno se chama o Ciclo Arthuriano. Gosto de pensar nestes fenômenos, onde a mesma ideia parece brotar em pontos diferentes, como o que Kryon chama de “cápsulas do tempo”, energias que são liberadas na consciência humana em determinado ponto do tempo para auxiliar em nossa evolução. Estas “energias” podem se manifestar então como descobertas científicas, expressões artísticas, revoluções culturais, e o Ciclo Arthuriano parece se encaixar muito bem neste conceito.
Pois bem, uma das versões que surgiram naquela época e aquela à qual eu gostaria de me referir, é a de  Wolfram von Eschenbach. Aqui está um trecho retirado da Wikipedia falando sobre esta versão do mito:

“Para Eschenbach, o Graal era realmente uma pedra preciosa, pedra de luz trazida do céu pelos anjos. Ele imprime ao nome do Graal uma estreita dependência com as forças cósmicas. A pedra é chamada Exillis, Lapis exillis ou Lapis ex coelis, que significa “pedra caída do céu”.

É a referência à esmeralda na testa de Lúcifer que representava seu Terceiro Olho. Quando Lúcifer, o Anjo de Luz, se rebelou e desceu aos mundos inferiores, a esmeralda partiu-se e sua visão passou a ser prejudicada. Um dos três pedaços ficou em sua testa, dando-lhe a visão deformada que foi a única coisa que lhe restou. Outro pedaço caiu ou foi trazido à Terra pelos anjos que permaneceram neutros durante a rebelião. Mais tarde, o Santo Graal teria sido escavado neste pedaço. O alemão tem como modelo de fiéis depositários do cálice sagrado os Cavaleiros Templários.”

Mais uma vez gostaria de lembrar que os mitos não devem ser interpretados literalmente, sob o risco de perdermos a sabedoria contida neles. A linguagem metafórica dos mitos sempre aponta para algo que está além dela. Minha interpretação deste trecho é que Lúcifer, o Anjo da Luz, é nossa natureza espiritual pura, intocada pela dualidade da Terra, da matéria, ou então, como nos lembra Kryon, a parte de nós que permanece do outro lado véu. Neste estágio, antes da “rebelião”, nossa visão era inteira, nosso olho espiritual estava intacto, não havia dissociação. A “rebelião contra Deus”, representa uma separação, a encarnação da centelha espiritual, a “descida aos planos inferiores”, ao mundo da dualidade, por nossa própria vontade e não uma rebelião literal, com uma suposta subsequente punição por parte de Deus. Aliás, esta própria ideia, se tomada literalmente, já seria reflexo da visão deformada, pois sendo todo amor, como poderia Deus alguma vez punir?  Neste processo de separação, ou então a entrada do espirito na matéria através da encarnação, a visão do todo é “perdida”, a esmeralda da visão espiritual, a sabedoria do coração, se fragmenta e é substituída por uma “visão deformada”, parcial, que cria então a sensação de “exílio do paraíso”. Mais um paralelo da visão teúrgica!

Por trás da roupagem do Mito de Arthur podemos ver um tema familiar. Um rei legítimo, um nobre, recebe uma espada encantada, uma arma, de uma mágica figura feminina para que empreenda uma batalha, uma busca sagrada que poderá lhe restituir a visão perfeita da divindade, eliminar a corrupção, trazendo assim a paz a seu reino!

Portanto, a espada encantada com a esmeralda, entregue pelo dragão, carrega com ela toda esta energia. Uma arma realmente poderosa!

Após a consulta com meu terapeuta, onde ele me falou sobre a “arma branca”, imediatamente me lembrei da Espada com a Esmeralda recebida do Dragão! Por isso minha intuição dentro do sonho de que eu precisaria de uma arma encantada com uma gema! Perfeito, era ela que eu precisaria usar para sacrificar o cão demoníaco!

Mas, toda a dinâmica do sacrifício havia acontecido espontaneamente em sonhos, como faria para usar a Espada Encantada então? Deveria esperar por outro sonho? Foi então que meus estudos da Teurgia vieram me iluminar, pois naquele momento eu entendi mais profundamente a importância do rito. Ao invés de esperar por outro sonho, eu precisaria integrar minha consciência e intenção no processo através de um ritual, uma encenação simbólica, o catalisador que faltava para que a “arma apropriada” funcionasse!
A princípio pensei em criar um ritual próprio, mas senti vontade de honrar a Teurgia mesclando em meu rito sacrificial uma prática clássica. Recorrendo a São Google encontrei uma antiga prática de encantamento de ferramentas, chamada Empsukhosis que literalmente quer dizer “insuflar alma” no objeto! Um ritual complexo com várias etapas, originário dos Papiros Mágicos Gregos.
O objetivo básico da Empsukhosis é tomar um objeto físico, no meu caso uma espada, e insuflar nele a alma, concedendo-lhe vida e poder para ser utilizado como instrumento em um rito teúrgico.

Já tendo intuído todo o ritual comecei então a buscar os elementos para sua realização. O primeiro e mais importante seria a espada. São Google me revelou então uma loja em BH que vendia espadas. Fui até lá e encontrei a “minha espada”! Soube que era ela, pois seu cabo era um dragão de cujo peito saía a lâmina! A Espada do Dragão!  Saí de lá com ela pensando no próximo passo, dar lhe um nome.

No caminho da loja para casa intuí alguns, sendo um deles Esmeralda, por motivos óbvios, no entanto ainda não havia me decidido. Naquele mesmo dia veio a confirmação através de uma outra sincronicidade!
Eu e Lucimara tínhamos alugado um filme que assistimos naquela mesma tarde chamado “Morte em Veneza”. Aliás, um belo filme, dramático, que entre outras coisas traz uma reflexão profunda sobre o Apolíneo e o Dionisíaco na arte, o que poderia perfeitamente se encaixar no tema deste texto consciencial, mas que não farei agora pois gostaria de me focar apenas no detalhe sincronístico.

Ainda no início do filme, por volta de 07:07, aparece um detalhe que poderia ter passado desapercebido pra qualquer um, mas que para mim brilhou como uma pedra preciosa: o nome do barco que conduz o protagonista a Veneza, “Esmeralda”! Com mais aquela intervenção cirúrgica da inteligência divina o nome da Espada me foi confirmado!

Continuando o processo de “encantamento do objeto” intuí que precisaria imprimir aquele nome em sua lâmina e integrar outros elementos importantes, a própria esmeralda física e a platina. Consegui uma esmeralda bruta que colei no cabo da espada entre as patas do Dragão.
Já o elemento físico platina seria mais difícil integrar naquele momento, mas encontrei uma solução gravando na lâmina, além do nome “Esmeralda”, o símbolo alquímico da platina envolto por um losango, representando a energia do octaedro.

Esmeralda estava agora preparada para o ritual no templo, precisava apenas escolher a data apropriada e conseguir alguns outros elementos (symthemata) para o rito.
O templo seria a própria sede do Farol, à rua Plutão 33. Nada mais apropriado do que um ritual de sacrifício de um aspecto sombrio sendo realizado em um Plutônio, local consagrado a Plutão ou Hades, Deus do inframundo, sob as vibrações do 33, que segundo Kryon trás a energia da “ação compassiva”! Com tais símbolos tão explícitos só me restou reconhecer que o Templo já havia sido preparado pela inteligência divina antes mesmo de eu ter consciência do ritual!

Escolhi como data o dia 20 de março de 2011 por ser o equinócio, uma data propicia para rituais por seu caráter limiar, de transição, onde a porta entre as dimensões está mais aberta. No entanto, eu desconhecia outro ingrediente importantíssimo, uma energia específica presente naquele dia da qual só fui tomar consciência mais tarde quando pesquisei no Calendário Sagrado (http://www.calendariosagrado.org/pt/ ), quais seriam as energias presentes naquele dia.
Importante comentar que o Calendário Sagrado é a versão original do calendário Maia, como entendido pelos próprios maias, e não a versão de José Argueles, o calendário de 13 Luas, tão utilizada por espiritualistas na atualidade. Por falar em “energias corrompidas” e acesso à ressonância original, talvez eu tenha sido levado a incluir aquele elemento para que o refino fosse ainda maior.
Assim como os Teurgistas os Maias sabiam da importância das energias cósmicas em suas vidas e estudaram seu significado profundamente. O dia 20 de março de 2011 tinha como Kin o “12 Etz’ nab’”, um símbolo composto por duas energias principais que podem ser traduzidas da seguinte forma de acordo com Calendário Sagrado dos Maias:

  • 12 – Dedicado ao Senhor da Alvorada ou “Senhor que se faz casa da Luz”, a forma luminosa de Quetzalcoatl. Favorece, portanto, os trabalhos espirituais, e recompensa os sentimentos de oferenda e elevação interior que recomenda sua divindade.

 

  • Etz’ nab’ – Glifo chamado de “Faca”. Tem como imagem teológica o “sacrifício ritual”! Entre outras coisas é um dia propício para acabar com a energia negativa e as más associações.

 

Mais uma sincronicidade fantástica, pois as energias daquele dia não poderiam estar mais em sintonia com o propósito do ritual! Mais um ingrediente entregue pela inteligência divina.

Com todos os ingredientes preparados chegou o dia do sacrifício do “cão louco”, sua alquimia.

A primeira parte foi o encantamento da espada que se iniciou com a abertura do templo, invocação dos deuses que presidem os elementos, (Zeus – ar, Hera – terra, Hades – fogo, Perséfone – água) para que houvesse a purificação através dos mesmos.
Importante observar que os elementos são presididos por dois casais de deuses sendo dois Olímpicos (Zeus e Hera) e dois Ctônicos (Hades e Perséfone), sinalizando a integração entre masculino e feminino e também Céu e Infra Mundo, ou consciente e inconsciente, um quatérnio de casamentos.

Outro detalhe importantíssimo e que se relaciona também com a “eliminação das corrupções e restauração da ressonância original” é o estabelecimento de Hades e não Zeus como aquele que preside o elemento fogo, tão fundamental à alquimia. Isto é importante porque recoloca o elemento transformador no submundo, no inconsciente, ou se preferirmos no interior da matéria. Naquela época esta compreensão já havia me chegado através da leitura do livro “Filosofia Antiga, Mistério e Magia – Empédocles e a Tradição Pitagórica” de Peter Kingsley, onde através de um estudo meticuloso ele resgata conhecimentos da tradição pitagórica, principalmente através de Empédocles, o primeiro filósofo na história a relatar os quatro elementos e os deuses que os presidem! Por isso Empédocles é considerado um dos precursores da alquimia. Portanto, poderia dizer que o que faço aqui, mais uma vez, é “colocar as coisas em seu devido lugar” integrando alguns elementos originais da própria filosofia alquímica e da tradição teúrgica!

Talvez seja por isso que a inteligência divina tenha escolhido a Rua Plutão (Hades), número 33, como o templo para a realização daquele ritual essencialmente alquímico. É no submundo, no inconsciente que se encontra o fogo transmutador, o Sol que brilha na escuridão!

Destaco que cheguei aos livros de Peter Kingsley somente no segundo semestre de 2010, o que veio reforçar e ampliar ainda mais a consciência da importância do sonho iniciático. Não entrarei em detalhes sobre o que Peter aborda em seus livros agora, o que farei mais adiante no texto, mas chamarei a atenção para a ressonância com minhas experiências.

A primeira ressonância que observei entre minhas experiências e os escritos de Kingsley foi o fato dele ter demonstrado que suas duas principais fontes de estudo e inspiração, os pré-socráticos, Empédocles e Parmênides, eram mais do que filósofos racionalistas, mas mestres espirituais iniciados nos mistérios de Hécate e Apolo, respectivamente!

Ambos faziam jornadas ao submundo, onde recebiam orientação divina. Ambos escreviam em forma de poemas de tom iniciático, ou seja, que apontam para realidades que transcendem a razão. Recordando meu sonho, foi Hécate quem abriu as portas do submundo para que eu encontrasse o âmbar, símbolo do deus solar Apolo, sobre o qual também falarei mais adiante! Com certeza não foi por acaso que cheguei aos livros de Peter Kingsley, talvez tenhamos feito parte da mesma tradição, cuja essência ainda ressona em nossos registros akáshicos!

Tomei a liberdade de traduzir uma entrevista de Peter Kingsley para que mais uma peça deste resgate da sabedoria ancestral se encaixe.

 

Voltando ao ritual, não descreverei todas as etapas, mas quem se interessar pode acessar por este link

Para finalizar o processo de animação da espada convidei Hécate e Apolo para insuflar vida na espada que foi então batizada de Esmeralda. No ritual inclui ainda os livros “Hecate Soteira” como referência a Hécate e “Nos Lugares Escuros da Sabedoria” como referência a Apolo.

Após o rito clássico e com a espada Esmeralda devidamente preparada, animada e batizada continuei acrescentando os elementos que intuí deveriam estar presentes. Convidei Kryon para trazer sua energia amorosa e sábia representando a família divina na nova energia, tracei os símbolos da EMF e cantei Tons Pineais integrando assim as vibrações e intenções das novas ferramentas teúrgicas, aquelas com as quais escolhi trabalhar nesta existência. A sopa quântica estava pronta! A energia no templo estava intensa, quase tangível, a luz estava literalmente brilhando na escuridão.
Foi então que invoquei o “Cachorro Louco”, a substância obscura e corrompida em mim para que se apresentasse para o sacrifício. Através da imaginação vi o surgir sem resistência e posicionar seu pescoço sobre o altar do sacrifício, uma coluna grega que serviu perfeitamente para aquele propósito.

Empunhei Esmeralda, a espada de luz, e num movimento continuo e suave a vi cortar a cabeça do daimon. À medida que a lâmina penetrava, a matéria escura e corrompida se transmutava em uma sutil luz azulada que intensificou seu brilho até que não houvesse mais nenhuma reminiscência do que fora o cão raivoso.

Senti paz naquele momento, além de uma sensação de celebração, honra e a certeza de que uma transformação profunda tinha ocorrido, encerrando um velho ciclo para que outro se abrisse em minha vida.

E assim foi, pois logo após o ritual uma série de eventos acabaram culminando em uma grande mudança pessoal, dolorosa a princípio, mas que foi libertária, me conduzindo literalmente para uma nova vida. Em outro momento compartilho mais detalhes desta etapa da jornada.
E foi assim que o conhecimento e a práxis da Teurgia me ajudaram a prosseguir em meu caminho rumo ao Lar.

Tendo nos aprofundado na compreensão da energia do cão louco (falso guia) e seu sacrifício, nos movemos agora para o símbolo central do sonho iniciático, o âmbar.

 

O Âmbar – Símbolo do Retorno ao Lar Original

O âmbar tem um simbolismo belíssimo, mas o que primeiro me veio à consciência após o sonho foi o fato do próprio âmbar se tratar de um fóssil o que sugere uma informação ancestral e primitiva, talvez de uma camada primordial, original e também central da psique.

É sabido que o âmbar costuma guardar em seu interior insetos, sementes e outros objetos, funcionando como uma espécie de cápsula do tempo! Quem não se lembra do filme Parque dos Dinossauros, onde um mosquito preservado em uma peça de âmbar trás do passado os genes que permitem aos cientistas recriarem animais pré-históricos? !

Mas em meu sonho, o que havia dentro do âmbar era uma espécie de escritura relacionada a um alinhamento astrológico, como um conhecimento ancestral que de alguma forma foi preservado e trazido para o presente após ter permanecido “debaixo da terra” (underground), longe da vista por um longo tempo!

Curiosamente o cultivo da semente simbólica do sonho e seu florescimento acabaram mesmo me conduzindo até um resgate de informações ancestrais tanto da cultura maia quando da cultura grega que falam de um mesmo tema presente também em meu sonho.

Este resgate se deu em parte através do trabalho de dois autores: John Major Jenkins e Peter Kingsley, sobre os quais falarei ao longo da narrativa. Vejo o trabalho destes dois como uma verdadeira arqueologia histórica, filosófica e, principalmente, da alma.

Logo após o entendimento do âmbar como uma relíquia arqueológica contendo as sementes do que chamarei de Filosofia Perene, antes ainda de chegar às informações de John Major Jenkins e Peter Kingsley, encontrei o significado que se mostrou o mais profundo. Ao pesquisar no dicionário de símbolos de Chevalier o âmbar me revelou este significado:

“Apolo derramava lágrimas de âmbar quando, banido do Olimpo, foi para o país dos Hiperbóreos. Essas lágrimas exprimiam sua nostalgia do Paraíso e o elo sutil que ainda o unia ao Elísio.”

“O âmbar representa o fio psíquico que liga a energia individual à energia cósmica, a alma individual à alma universal. Simboliza a atração solar espiritual e divina.”

Portanto, o âmbar, como synthemata (símbolo) do deus solar Apolo, representa a própria divindade dentro de nós, o sol espiritual, o Grande Sol Central nos convidando de volta ao lar original, ao Paraíso, pelo qual derramamos nossas lágrimas saudosas.

Sua forma esferoidal representa ainda nossa totalidade, a consciência da unidade de onde nunca saímos, mas da qual nos esquecemos e que nos cabe recordar para sermos inteiros.

A alegria que senti ao encontrar o âmbar foi uma lembrança de casa, um momento de êxtase! Realmente a liberdade não está na busca exterior, mas na busca interior de nossa natureza ilimitada e eterna.

O tema paradoxal da busca do Sol (a luz, o fogo) no mundo inferior, na escuridão do reino de Hades, a busca da vida na morte é o grande mistério encerrado em 2012, a época que vivemos. Falarei mais sobre isto ao comentar sobre os trabalhos de John Major Jenkins e Peter Kingsley. Portanto continuemos em nossa jornada!

Como já disse, no interior do âmbar havia outra camada, uma espécie de alinhamento astrológico. Ao pesquisar na internet, procurando por imagens de alinhamentos astrológicos, encontrei uma muito parecida com a que vi no sonho. Era um desenho de Jacob Boheme, um místico alemão que viveu nos séculos XVI e XVII. Portanto, aquela imagem passou a ser a minha referência e comecei a pesquisar um pouco mais sobre ela na internet.

Então, encontrei a mesma imagem, mas agora fazendo parte de um livro chamado “Galactic Alignment” que chamou a minha atenção. Na introdução do livro, exatamente sobre a imagem do alinhamento, estava a frase “Uma Mensagem da Galáxia”!

Pensei comigo, “Será que o alinhamento no interior do âmbar tem alguma relação com a Galáxia?”

Procurei então saber do que se tratava aquele livro e descobri que fora escrito por John Major Jenkins e falava sobre a era 2012 e os significados que os maias e outros povos atribuíam àquela data, ou pelo menos àquele alinhamento galáctico que parecia estar relacionado a 2012. Fiquei curioso, mas não me aprofundei muito a princípio, até que outras duas sincronicidades me persuadiram a mergulhar naquela informação:

No dia 15/04/2005, logo depois do sonho do sacrifício do cão, estava de carro com uma amiga pelas ruas de São Paulo, conversando exatamente sobre os sonhos e as experiências que tinha vivenciado, quando em nossa frente entrou um carro prateado (ou será platinado?!) com a placa DIG 2012! Imediatamente comentei: “Olha que interessante! A palavra “dig” em inglês significa “cavar” ou “aprofundar-se”. Será que o espírito deseja que me aprofunde no significado do ano 2012?!”

A resposta e a confirmação àquela pergunta vieram duas semanas depois. Estava em BH na casa de meus pais procurando o livro “A Divina Comédia” de Dante em meio a um amontoado deles, quando encontrei um jogo em CD Rom que não via há anos. Na capa do jogo li o seguinte título “The DIG – Uma Aventura no Espaço Profundo”!

Como se não bastasse o título, com a palavra DIG em destaque, o desenho da capa mostrava três astronautas cavando o chão e do buraco que fazem irradia-se luz!

Pensei comigo: “Será que esta é a luz que irradia do buraco negro no centro de nossa galáxia?! Será que a luz é o resultado desta escavação, desta aventura no espaço profundo, que a deusa me orienta a realizar?!”

A mensagem presente naquele símbolo não poderia ter sido mais precisa, pois “a aventura no espaço profundo” pode tanto significar uma observação cuidadosa do cosmo, do espaço exterior, o espaço sideral, quanto do espaço interior, as profundezas da alma. Na verdade significa ambos! Exterior e interior fazem parte de uma mesma realidade, a mesma totalidade não dual!

É impressionante também como a imagem da escavação remete ao sonho, já que o âmbar foi encontrado após eu literalmente escavar o solo!

Depois desta demonstração mágica, precisa e persuasiva da inteligência divina, minhas dúvidas se foram e encomendei o livro Galactic Alignment iniciando meus estudos, minhas escavações sobre 2012, buscando compreender como tudo aquilo se relacionava com minhas vivências interiores e meu caminho de autoconhecimento.

Além de “Galactic Alignment” comprei outro livro de JMJ, “Maya Cosmogenesis 2012”. Adquiri também livros de outros autores: “Monument to the End of Time” de Jay Weidner e Vincent Bridges que fala sobre o fim de um ciclo de tempo baseado em fontes alquímicas, principalmente o misterioso alquimista Fulcanelli e “Hamlet´s Mill” de Giorgio de Santilana e Hertha Von Dechend, que mostra como os mitos em diversas culturas descrevem eventos astronômicos. Fiz também algumas pesquisas na internet para complementar meus estudos.

Como eu esperava, depois de uma orientação tão clara para me aprofundar, meus estudos me trouxeram uma boa compreensão sobre o tema 2012 que tocou fundo tanto minha mente quanto meu coração.

A princípio considerava meus conhecimentos apenas para mim, como parte de meu caminho de autoconhecimento e compartilhava minhas descobertas apenas com pessoas mais próximas e que estavam abertas ao tema. No entanto, em agosto de 2009 tive um sonho que me levou a querer compartilhar minhas compreensões com um público maior, através de um enredo, o que hoje busco fazer através de palestras e do que escrevo.

 

Compartilhando o Aprendizado

O sonho que iniciou esta nova etapa foi o seguinte:

 “Eu estava na cobertura de um grande edifício na cidade do Rio de Janeiro, contemplando a paisagem da Cidade Maravilhosa quando surgiu o Jorge Fernando, aquele diretor da Rede Globo que é conhecido por sua alegria, descontração e criatividade. Ele se aproximou e então começamos a conversar sobre 2012!

Em nossa conversa eu dizia o que sabia sobre o tema. Falava sobre a desinformação que envolve este assunto tanto no meio científico quanto no meio espiritualista e nova era e sobre a crescente onda midiática ao seu redor, geralmente com foco apocalíptico.

Falava também sobre tudo o que já havia estudado, intuído e entendido sobre este fim de ciclo único em nossa história e a importância de informar às pessoas sobre os grandes potenciais de transformação e renovação que traz.

Enquanto falava, percebia que o Jorge Fernando se empolgava, havia um brilho em seus olhos e uma expressão de espanto em sua face.

Então, com um tom mais sério, ele me disse que tudo aquilo precisava ser tema de um samba enredo e apresentado no Carnaval do Rio, para que pessoas do mundo inteiro pudessem assistir!

À medida que ele falava eu ia visualizando as fantasias, as alas da escola de samba representando várias facetas que envolvem o tema 2012 e seus significados, os carros alegóricos. Tudo aquilo se juntava em um todo coerente, um enredo sobre nosso próprio desfile pela avenida da vida na Terra! No sonho me parecia que aquela seria a maneira perfeita de esclarecer sobre um tema tão polêmico e importante!

Ao final de nossa conversa o Jorge Fernando apontou para uma estrutura que estava em cima daquele edifício e me perguntou o que era. Quando me virei para olhar vi um grande observatório com uma cúpula verde! Com toda a convicção disse a ele que aquele observatório era um presente que tinha recebido. O sonho terminou ali.”

Ao acordar eu soube que a mensagem daquele sonho era muito importante. Ao interpretá-lo, o que ficou bem evidente, com a presença de um diretor global e a sugestão de criar um enredo para escolas de samba, foi a importância de transmitir aquela informação para um grande público de maneira criativa e informativa, através de um enredo, permeado de alegorias, mensagens simbólicas, mas que ao mesmo tempo fosse acessível.

Quem sabe se não surge um diretor ou mesmo um carnavalesco que compre esta idéia?! 😉

Independentemente da manifestação literal do samba enredo senti que estava chegando a hora de escrever sobre 2012 e compartilhar minhas percepções e entendimentos com mais pessoas.

Outro símbolo importante presente no sonho foi o observatório com a cúpula verde que eu havia ganhado de presente!

O fato de ser um observatório é óbvio, pois tem a ver com a observação do cosmos e também o que ele nos diz. Não é segredo que o macro universo à nossa volta nos afeta em nossa esfera física, basta observarmos o efeito da gravidade nas marés e das radiações solares e cósmicas sobre a biosfera. Mas, acredito que há também os efeitos internos, mais sutis, energéticos e simbólicos, como nos mostra a astrologia, ciência presente em tantas culturas do planeta, inclusive a maia que nos revela os significados de 2012 através da astronomia e da mitologia.

A cúpula verde do observatório talvez simbolize o coração e, portanto, uma observação mais intuitiva das coisas. Intelecto e intuição precisam andar juntos, de forma coerente, para que haja uma visão mais clara, com maior discernimento.

O fato de aquele observatório ser um “presente” dá a impressão de algo que recebi de “alguém”. Mas quem será este “alguém”? Acho interessante que na língua inglesa a palavra para presente é “gift” que também é a tradução para a palavra “dom”, um tipo de habilidade inerente ao indivíduo.

Muitos entendem o dom como um presente, uma dádiva divina. Concordo em parte, já que acredito na natureza divina do ser humano, no entanto acredito também que o dom seja algo conquistado através do desenvolvimento e da prática, ao longo do tempo, de potenciais que estavam latentes.

Quando alguém nasce com um dom, como no caso de Mozart, por exemplo, acredito que este talento ou habilidade tenha sido desenvolvido em outras experiências, em outras vidas. Para mim esta é uma das grandes evidências do sistema reencarnatório, pois fala mais alto ao meu senso de justiça.

Minha assertividade no sonho ao dizer que o observatório era um presente (dom) me leva a acreditar que minha alma tenha desenvolvido este talento em outras experiências, em outras vidas. Isto me remete a uma experiência vivida em 2001 com o xamã Foster Perry em uma sessão de leitura de registros akáshicos, ou seja, memórias de vidas passadas e potenciais da alma. Naquela sessão, além de outras informações que me ajudaram a me orientar em meu caminho espiritual, Foster disse que eu era muito bom em astrologia e podia saber como funcionava. Disse também que eu já tinha praticado muita magia em minhas vidas e que aquilo ainda estava em mim. Observando minhas experiências deste então só posso dizer que estas informações são coerentes e que ele estava certo!

É importante comentar que nesta existência nunca estudei astrologia profundamente com o objetivo de ser um astrólogo, mas este conhecimento tem permeado meu caminho de forma intuitiva. Também não faço parte de nenhuma ordem iniciática, escola de mistérios, ou tradição espiritual ou mágica, no entanto observo muitos de seus ensinamentos em minhas experiências.

Bem, à luz destas reflexões, acredito que tenha este dom de observar o cosmo usando intuição e intelecto, algo que procuro desenvolver com estudo, observação e prática. Talvez isto me credencie a falar um pouquinho sobre 2012, num escopo mais amplo e cósmico, como sugerido no sonho.

Falando do sonho, em meio às suas alegorias e temática carnavalesca, havia ainda um símbolo oculto, um símbolo perdido que só fui descobrir dois meses depois e que é exatamente a síntese do significado de 2012!

O Símbolo Perdido

Por mais que a inteligência universal já tenha me encantado com sua maneira única de trazer sentido e orientação, há sempre uma nova surpresa capaz de encantar ainda mais.

Em outubro de 2009 ela se manifestou literalmente como “O Símbolo Perdido”, pois foi naquela época que resolvi ler o livro de mesmo nome do autor Dan Brown antes mesmo dele ter sido lançado em português em novembro daquele ano.

Até então eu nunca tinha lido um livro do autor, mas três peças se juntaram para que desta vez fosse diferente. A primeira foi a sugestão de um amigo, a segunda o título extremamente instigante e a terceira a imagem da capa que mostra a cúpula do Capitólio o que me lembrou a cúpula do observatório de meu sonho.

A história se passa em Washington, capital dos EUA, que teria sido construída por Maçons e por isto mesmo guardaria todo um sentido esotérico ligado a esta tradição, presente principalmente em seus monumentos.

Contada em um ritmo acelerado, típico de Dan Brown, a história tem como pano de fundo os temas alquímicos “caos versus ordem” e “a transformação humana”. Robert Langdon, o professor de simbologia, desvenda enigmas, decifra códigos e enfrenta vários desafios para resolver o grande mistério encerrado no Símbolo Perdido.

No enredo mistérios antigos e modernas ciências da consciência, como as ciências noéticas, se entrelaçam apontando grandes potenciais da alma humana que sempre estiveram disponíveis para os indivíduos mas que estariam às vésperas de sua realização coletiva, iniciando todo um novo ciclo de desenvolvimento humano. Em determinado trecho do livro, no discurso do personagem Peter Solomon, há até mesmo uma menção a 2012.

Independentemente das polêmicas levantadas pelo livro ele pode nos trazer vários insights sobre a natureza da consciência humana e sobre o momento de grandes transformações que vivemos como, aliás, aconteceu comigo.

O grande insight que me foi proporcionado estava exatamente na imagem de sua capa, na cúpula do Capitólio, o que ampliou o significado do meu sonho revelando literalmente um símbolo que estava nele, mas que eu ainda não tinha percebido!

Transcreverei partes dos capítulos 20 e 21 do “Símbolo Perdido” onde esta informação está presente na forma de diálogos entre os personagens Sato, Alexander e Langdon, não necessariamente na ordem em que aparecem, mas procurando manter sua coerência:

“-Estamos na Rotunda do Capitólio dos Estados Unidos, professor, não em um altar sagrado dedicado a antigos segredos místicos.”

“-Agora há pouco – disse Sato – o senhor disse que a Rotunda é de certa forma sagrada segundo o conceito destes Antigos Mistérios.”

“-Como a senhora deve saber – disse Langdon -, esta Rotunda foi projetada como um tributo a um dos santuários místicos mais venerados de Roma. O Templo de Vesta.”

“-O Templo de Vesta em Roma – disse Langdon – era circular e tinha um enorme buraco no chão, dentro do qual o fogo sagrado da iluminação era mantido por uma irmandade de virgens cuja tarefa era garantir que a chama jamais se apagasse.”

Aqui, eu gostaria de chamar a atenção para a presença do fogo sagrado da iluminação que, originalmente, ardia dentro de um buraco no chão do Capitólio. Isto me remete ao símbolo do âmbar como energia solar (fogo) ardendo no interior da Terra! Também traz o tema da purificação já que as virgens vestais que guardam o fogo sagrado são símbolos de pureza.

Mas, o símbolo principal está descrito nas passagens a seguir:

“-Esta sala está cheia de símbolos que refletem a crença nos Antigos Mistérios.”

“-Um saber secreto – disse Sato, com um tom de voz que fazia mais do que sugerir sarcasmo.-Um conhecimento que permite aos homens adquirir poderes comparáveis aos de um deus?”

“- Sim senhora.”

“-Isto não se encaixa muito bem nos fundamentos cristãos deste país.”

“-Aparentemente não, mas é verdade. Essa transformação do homem em deus se chama apoteose. Quer a senhora saiba disso ou não, esse tema é o elemento central do simbolismo desta rotunda.”

“-Apoteose?”

“-Sim. A palavra apoteose significa literalmente “transformação divina”: o homem que se torna deus. Vem do grego antigo: apo que significa “tornar-se” e theos, “deus”.

“-Apoteose quer dizer virar deus? Eu não fazia a menor idéia.”

“-Do que vocês estão falando?-indagou Sato.”

“-Minha senhora – disse Langdon -, o maior quadro deste prédio se chama “A Apoteose de Jorge Washington”. E ele mostra claramente Jorge Washington sendo transformado em deus.”

“Sato fez cara de cética.”

“-Eu nunca vi nada desse tipo.”

“-Na verdade, tenho certeza de que viu, sim. –Langdon ergueu o indicador e apontou para cima. – Está bem acima de sua cabeça.”

 

Ao ler este trecho do livro foi como se um flash de luz me revelasse algo que estava lá, “acima da minha cabeça”, como acontece com Sato, mas que eu ainda não podia ver.

Estou falando do sonho e da metáfora para tornar 2012 um enredo para uma escola de samba no carnaval do Rio de Janeiro, pois todo o desfile desemboca na praça da… APOTEOSE!

Sim, a apoteose é a síntese e o destino de toda a temática ligada a 2012, ou melhor, a época e a energia de 2012 são a própria apoteose da humanidade! A mensagem está clara!

Alguns podem perguntar: Quer dizer que em 2012 toda a humanidade se tornará divina, terá consciência de sua divindade?

Não exatamente, mas a própria metáfora do desfile da escola de samba pode nos dar uma dica. É necessário certo tempo para que toda a escola chegue à Praça da Apoteose, e entendo que vivenciamos exatamente isto neste momento, pois alguns, como se fizessem parte da comissão de frente e do carro abre alas, já começaram a chegar na energia de 2012, na Praça da Apoteose, através de sua própria jornada de auto conhecimento, seu alinhamento interno com esta energia, enquanto outras alas e foliões se encaminham para ela, alguns mais próximos, outros mais afastados, mas o importante é que toda a escola eventualmente chegará! Esclarecerei mais sobre isto à medida que o enredo prosseguir.

Gostaria de comentar outra curiosidade sincronística. Escrevi este trecho do enredo sobre o “Simbolo Perdido” e a apoteose no dia 08/03/2011 exatamente na terça feira de carnaval! E não foi algo intencional, pois que há mais de dois anos vinha escrevendo este texto ao sabor de minha disponibilidade e inspiração, sempre inserindo novas experiências que vão surgindo ao longo do meu desfile pessoal. A própria escrita tem se mostrado um processo não linear e sincronístico que continua a me surpreender!

Bem, tendo falado de minhas principais experiências e sonhos que me levaram a pesquisar e depois compartilhar sobre 2012, gostaria agora de me focar na origem das informações sobre 2012 e seu significado e nos possíveis mecanismos envolvidos com este momento que, para mim, representa sim uma época sem precedentes de grandes transformações e novas possibilidades para a humanidade e o planeta que habitamos.

A informação original sobre 2012 vem da cultura maia, portanto um estudo mais aprofundado desta cultura é fundamental para entendermos o que diziam. Hoje há muitos estudiosos deste assunto com diferentes abordagens, o que nos leva a perguntar: “Qual autor ou autores teriam uma abordagem mais abrangente, clara e acurada sobre o tema?” Mais uma vez, esta é uma questão de discernimento que pode ou não incluir o estudo das diversas versões. No meu caso, os insights e sincronicidades, que já compartilhei, me levaram até o autor John Major Jenkins.

John Major Jenkins e a Cultura Maia

John Major Jenkins é um pesquisador independente que há mais de 25 anos estuda a cultura Maia, tendo visitado vários locais na América Central onde se encontram vestígios desta cultura, além de ter se encontrado e convivido com descendentes diretos deste povo que ainda mantém viva muitas de suas tradições e ensinamentos. JMJ estudou de maneira ostensiva vários aspectos da cultura Maia desde sua mitologia, iconografia, etnografia, tradições xamânicas, os sistemas de calendários desenvolvidos por eles, instituições sagradas como o ritual do coroamento do rei (o líder espiritual e político), o jogo de bola, além da arquitetura e das inscrições gravadas em seus monumentos.

Com um estilo meticuloso e coerente JMJ revela muitos dos significados por trás do tema 2012 de acordo com a tradição maia e também de outras tradições antigas como a egípcia e a védica sugerindo um conhecimento comum e fundamental para a humanidade, uma espécie de filosofia perene, um arquétipo, com significados que vão além das fronteiras culturais e históricas, com implicações universais que apontam para nosso momento atual como um importante ponto de convergência onde temos a possibilidade de vivenciar um dos eventos mais transformadores de nossa história.

Além da seriedade e clareza que transmite, as informações de Jenkins coincidem com minhas próprias percepções, ampliando e complementando a compreensão que tenho do momento atual, motivo pelo qual o tenho como referência em meus estudos.

Como meu objetivo não é uma revisão destas informações sugiro àqueles que quiserem se aprofundar a leitura de seus livros, dos quais apenas um possui versão em português:

–          “Journey to the Mayan Underworld” – Jornada ao Submundo Maya

–          “Mirror in the Sky” – Espelho no Céu

–          “Tzolkin: Visionary Perspective and Calendar Studies” – Tzolkin: Perspectiva Visionária e Estudos dos Calendários

–          “The Center of Mayan Time” – “O Centro do Tempo Maia”

–          “Maya Cosmogenesis 2012” – Cosmogênese Maia 2012

–          Galactic Alignment: The Transformation of Consciousness According to Mayan, Egyptian and Vedic Traditions” – Alinhamento Galático: A Transformação da Consciência de Acordo Com as Tradições Maia, Egípcia e Védica.

–          “The 2012 Story: The Myths, Fallacies, and Truth Behind the Most Intriguing Date in History” – A História de 2012: Os Mitos, Falácias e a Verdade Por Trás da Data Mais Intrigante na História (publicado em português pela editora Larousse com o título: 2012-A História).

O Calendário de Longa Contagem

Bem, abordarei as descobertas e insights principais revelados por Jenkins. Em primeiro lugar gostaria de falar sobre o calendário. O maia era um povo de astrônomos e astrólogos, pois a observação do cosmo e seu significado estava impregnado em sua cultura, em tudo o que faziam.  Por isto desenvolveram vários calendários baseados nos ciclos cósmicos que lhes mostravam os potenciais de energia e consciência relacionados a cada ciclo.

A data de 21 de dezembro de 2012 se relaciona ao Calendário de Longa Contagem, que tem um ciclo de aproximadamente 26000 anos. Mas, o que realmente determina este ciclo, em que ele se baseia?

Se procurarmos na literatura e na internet encontraremos muita informação equivocada quanto a isto. Algumas delas são:

  • Alguns dizem que este é o movimento do sistema solar ao redor do Centro da Galáxia. Nada mais longe da verdade, pois o ciclo de translação ao redor da Galáxia é de aproximadamente 300 000 000 de anos.
  • Outros dizem que este é o período de translação do Sistema Solar ao redor da estrela Alcione da constelação das Plêiades. A este movimento estaria associada a entrada da Terra em um suposto Cinturão de Fótons. No entanto, esta informação não procede, pois o sistema solar se afasta das Plêiades e não apresenta nenhum movimento de translação ao seu redor.
    Mesmo que as Plêiades tenham uma grande importância para os maias e, acredito, estejam relacionadas de alguma forma com a própria evolução da consciência humana, esta não é uma informação acurada.
  • Há ainda aqueles que atribuem o período de 26000 anos à órbita de um suposto 12º planeta (se incluirmos Sol e Lua) ao redor do Sol e sua aproximação da Terra. No entanto, não há nenhuma evidência astronômica sobre isto, apenas especulações, em sua grande maioria absurdas do ponto de vista da astro-física. Grande parte destas informações se baseiam no livro “O 12º Planeta” de Zecharia Sitchin” que por sua vez se baseou em informações simbólicas do povo sumério encontradas em um artefato chamado “Selo de Berlim”.

O ciclo de 26000 anos considerado pelos maias está na verdade relacionado à precessão dos equinócios. A precessão dos equinócios é o movimento do eixo de rotação da Terra (que tem uma inclinação de 23o) em relação à esfera celeste o que posiciona os polos norte e sul apontando para diferentes estrelas no decorrer do tempo. Foi através da observação deste movimento aparente do céu com relação à Terra que os maias foram capazes de calcular o seu ciclo. A inclinação do eixo da Terra é responsável também pelas estações do ano, os equinócios e solstícios.

Hoje há praticamente uma unanimidade entre os estudiosos da cultura maia de que este povo conhecia a precessão dos equinócios e criou um calendário associado a este grande ciclo de 26000 anos chamado de Calendário de Conta Longa.

Uma boa ilustração do movimento de precessão dos equinócios pode ser encontrada no seguinte link https://youtu.be/o0-SohIJ7vo

Ao compreender que os maias falavam deste ciclo, JMJ se perguntou, “Por que escolheram o fim do 13º baktun (21 de dezembro de 2012) como a data final deste ciclo que para eles representava morte e renascimento, um momento de criação? Por que não 1712 ou 2650?”

Ao investigar, através de softwares astrológicos, os posicionamentos de corpos celestes naquela data ele descobriu um alinhamento muito raro: o do Sol nascente no solstício de dezembro com o Centro da Galáxia que se localiza na direção da constelação de Sagitário! Um alinhamento como este só havia acontecido anteriormente há 26000 anos.

Como o solstício de dezembro é uma data muito importante e representa um nascimento, o início do ciclo anual, JMJ começou a procurar na cultura maia evidências e referências a este evento e sua relação com um possível Centro da Galáxia.

Mitologia Maia – O Renascimento de Hu Hunahpu, o Primeiro Pai

Vale lembrar que apenas recentemente, com o advento dos telescópios, o ser humano moderno foi capaz de localizar com exatidão o centro de nossa galáxia, a Via Láctea. Mas, será que os povos antigos, como os maias não poderiam ter utilizado outra maneira de localizar este centro, atribuindo a ele uma importância maior no desenvolvimento humano?

Foi a esta conclusão que chegou JMJ após estudar a mitologia maia e também sua cosmologia. Inspirado pelo livro “Hamlet’s Mill: An Essay Investigating the Origins of Human Knowledge Through Myth”, JMJ buscou relações cosmológicas nos mitos maias.

Uma breve descrição deste livro na Wikipedia pode nos dar uma ideia melhor do que se trata:

“Hamlet’s Mill (publicado originalmente pela Gambit, Boston, 1969) por Giorgio de Santillana (um professor de história da ciência da MIT) e Hertha Von Dechend (uma cientista da Johann Wolfgang Goethe-Universität) é um trabalho de mitologia comparada e história não ficcional, particularmente no subcampo da arqueoastronomia. Se assemelha ao livro “As Máscaras de Deus” de Joseph Campbell.

Sua premissa essencial é a de que muito da mitologia e literatura antigas tem sido mal interpretadas e que geralmente se relacionam a um tipo de monomito que oferece idéias e conhecimentos significativamente científicos e especificamente astronômicos.”

Pois bem, munido com este conhecimento e seguindo sua intuição, JMJ descobriu esta correlação no grande mito da criação maia, o Mito dos Heróis Gêmeos, presente no Popol Vuh, talvez o mais importante documento maia preservado em sua inteireza.

De forma básica e muitíssimo resumida o mito fala da descida dos heróis gêmeos Xbalanque e Hunahpu, jogadores de bola, ao submundo (Xibalba) para enfrentar seus deuses, entre eles Sete Araras, o deus arrogante e vaidoso. Os Senhores de Xibalba haviam matado seu ancestral o deus solar Hu Hunahpu, o Primeiro Pai, e pendurado sua cabeça em uma árvore à margem de uma estrada. Hu Hunahpu renasce depois que os gêmeos derrotam e sacrificam o deus arrogante e outros senhores do submundo.

Trata-se de uma clássica “Jornada do Herói”, presente em tantas diferentes culturas no planeta. Na visão psicológica de Jung trata-se de uma estrutura arquetípica, profundamente enraizada na psique humana e no inconsciente coletivo.

Mais significativo ainda é o fato de representar uma descida ao submundo para o resgate do Deus solar! A mesma temática presente em meu sonho com Hécate e o âmbar e também na filosofia grega antiga!

Mesmo que o Popol Vuh tenha sido escrito pelos Quiché Maia por volta de 1500 d.c, Jenkins afirma que sua origem, bem como a do Calendário de Longa Contagem, se encontra em um período pré-clássico, cerca de 500 a 50 a.c, como pode ser observado nas ruínas da cidade de Izapa localizada na atual Guatemala. Para Jenkins Izapa é um repositório de conhecimento ritualístico, cosmológico, xamânico, mitológico e iniciático que teria originado muito da cultura maia que floresceu posteriormente.

Bem, voltando ao mito dos Heróis Gêmeos, há elementos simbólicos que são chaves para sua compreensão no contexto que Jenkins propõe. Antes de prosseguirmos é importante lembrar que todo mito tem múltiplas camadas de significados e interpretações que se interpenetram, tornando-o um grande repositório de conhecimento e insights. O próprio Popol Vuh é muito rico e tem várias nuanças. Aqui minha intenção é focar no simbolismo identificado por Jenkins e sua relação com o alinhamento galáctico, sem me aprofundar nos detalhes que o levaram a esta interpretação, o que pode ser encontrado em seu livro Maya Cosmogenesis 2012 .

Dito isto podemos prosseguir: Xibalba, o submundo maia, similar ao Hades grego, era considerado uma passagem, um local de morte e nascimento e um portal entre diferentes mundos sendo representado simbolicamente de diversas formas: como o útero da Grande Mãe, uma caverna, a boca de um jaguar, de uma cobra ou de um sapo.

No céu se relacionava com o que hoje é conhecido como “Fenda Escura”, ou a “Grande Fenda”, uma mancha escura próxima ao centro da Galáxia que podia ser vista pelos maias em suas observações noturnas. Esta mancha se deve ao acúmulo de poeira cósmica próximo ao núcleo brilhante da Via Láctea, chamado de bojo nuclear, que se localiza na direção da constelação de Sagitário.

A árvore onde está pendurada a cabeça de Hu Hunahpu representa a Via Láctea e a estrada onde ela se encontra representa a eclíptica, o caminho que o Sol descreve no Céu ao longo do Zodíaco. É exatamente neste ponto, no cruzamento onde a eclíptica se encontra com o Centro da Via Láctea que acontece o solstício de 21 de dezembro de 2012!

Como dito anteriormente Hu Hunahpu representa o nascimento do Sol no solstício, um novo início, o início de um novo ciclo.

Sete Araras, o deus arrogante e vaidoso, o falso deus, representa a constelação da Caçarola (Big Dipper), as sete principais estrelas da Ursa Maior tendo, portanto, uma relação com a estrela polar, considerada por muitos povos antigos como o Centro do Universo, já que todo o céu parecia girar ao redor daquela estrela.

Os Irmãos Gêmeos, assim como acontece em outras mitologias como a egípcia, asteca e indiana representam a própria precessão dos equinócios, pois algumas vezes são representados na iconografia sustentando o “graveto que gera fogo”, uma espécie de eixo giratório. São eles que determinam o movimento deste eixo. No entanto os gêmeos também representam a humanidade já que são jogadores, heróis, que entram em campo para decidir seus próprios destinos.

Bem, unindo-se estes elementos temos a seguinte história: Hu Hunahpu, o Primeiro Pai, o deus solar, que representa a Luz, a consciência iluminada, não dual, é derrotado pelos deuses do submundo e permanece no Xibalba até que os Gêmeos derrotem os falsos deuses. Esta história representava para os maias uma época, um ciclo de obscuridade e trevas em que a humanidade era governada por um falso deus, arrogante e vaidoso, um falso centro que gera todo tipo de sofrimento. Podemos entender este falso deus, vaidoso e arrogante como a consciência não iluminada da humanidade, com foco no ego onde o esquecimento de sua natureza divina, de sua conexão com o verdadeiro centro (Self) a leva a criar a obscuridade todo ao seu redor.

É importante lembrar que o tema do Centro do Universo era fundamental para a cultura cosmológica e xamânica dos Maias. O próprio xamã, ou o Rei Xamã, era aquele que fazia jornadas ao Centro do Universo de onde trazia sabedoria, cura e orientação para o povo. Portanto, Sete Araras representa tanto um falso centro cosmológico, a estrela polar, quanto o ego centrado “em” si mesmo e não “no” Si mesmo (Self).

Voltando ao Popol Vuh, os irmãos gêmeos representando a precessão dos equinócios derrotam Sete Araras, o falso centro, ao mostrarem que a estrela polar (ou o ego) não representa a fonte de vida e sabedoria e que há um outro centro, o verdadeiro, que em determinada época pode ser acessado mais intensamente, permitindo o renascimento do Deus solar, sinalizando o início de um novo ciclo onde a luz se faz presente dissipando a escuridão, onde o verdadeiro centro é o Ser, o Deus interior.

Em Izapa há uma Stela, uma inscrição em rocha, que mostra Hu Hunahpu renascendo de dentro da boca de um sapo, o centro galáctico, Xibalba. As mãos de Hu Hunahpu indicam uma medida, talvez um ciclo de tempo que termina e outro que se inicia.

É muito interessante notar que os potenciais psíquicos, internos, arquetípicos estejam relacionados com os astros, com a configuração do macrocosmo. Isto mostra a unidade de todas as coisas, do interno e do externo através de uma relação não causal, sincronística. Não é por acaso que a astrologia é uma das ciências mais antigas da humanidade e esteja presente em tantas culturas diferentes.

Acredito que estejamos vivendo um momento onde a dinâmica da “Jornada do Herói”, da descida ao submudo para resgatar o Sol, da “Volta para Casa”, do “Retorno ao Paraíso”, em nosso interior, esteja sendo acelerada, catalisada, pelo alinhamento do Sol do Solstício com o Centro da Galáxia.  Mesmo que este potencial esteja presente para todos, acredito que nossa participação individual e consciente neste processo seja fundamental para sua plena realização. Assim também pensavam os maias como veremos no capítulo a seguir.

O Jogo de Bola Maia

Outro aspecto importante do mito de criação em sua cultura é o fato de os maias relacionarem a jornada dos heróis gêmeos a um jogo. Isto quer dizer que o alinhamento astronômico por si só não determina o renascimento de um novo ciclo de iluminação, mas os jogadores (a humanidade) desempenham um papel fundamental e determinante neste renascimento. Este é o outro alinhamento que precisa acontecer para que a luz retorne à consciência humana.

O jogo de bola Maia, uma instituição muito importante daquela cultura, estava totalmente relacionado com este alinhamento cósmico e com o nascimento do novo ciclo e da nova consciência. As próprias quadras do jogo estavam alinhadas com o céu, mais precisamente com a posição do Sol nascente no solstício de 21 de dezembro! A bola do jogo representava a cabeça de Hu Hunahpu, o Deus solar, e o aro através da qual a bola deveria passar e que determinaria o fim do jogo representava Xibalba, a Abertura Escura, o útero da grande Mãe, o centro da galáxia!

Vejam o que Jenkins fala sobre isto:

“Os jogadores estavam renascendo enquanto ajudavam o Sol a renascer ao mesmo tempo, portanto estavam envolvidos em uma espécie de magia ressonante para ajudar o Sol a se mover em direção à sua meta. Resumindo, os jogadores eram indispensáveis para manter o alinhamento da data final movendo-se em direção à sua meta.

A passagem da bola na “Abertura Escura” é um tipo de inseminação cósmica. Este é o nível mais elevado do renascimento cósmico, simbolizado pelo jogo de bola mesoamericano. Quando consideramos as dimensões mito-cósmicas do jogo de bola, não podemos separar seu nível mais simples de operação (o nascer e pôr do Sol diários) do processo de maior escala de renascimento de Eras Mundiais – a ressurreição do Primeiro Pai/Hu Hunahpu no nível galáctico de tempo. O jogo de bola é o jogo da co-criação, uma parceria entre os humanos e as forças superiores da cosmogênese. As quadras de jogo são realmente Campos de Criação, onde as forças da criação são engendradas e onde o papel dos seres humanos como co-criadores de sua própria evolução é ativado.”

Por falar em magia ressonante, preciso abrir um parêntese para compartilhar um destes momentos mágicos. Enquanto terminava de escrever o trecho acima (às 16:10 h do dia 26 de dezembro de 2009) eu estava na sala de casa com meu computador, mas podia ouvir a televisão do quarto que estava ligada. Então ouvi alguma coisa sobre “jogo de bola” e corri para ver do que se tratava. Qual não foi minha surpresa quando vi uma representação do jogo de bola Maia no History Channel! Estavam mostrando o final do jogo quando os jogadores saudavam os deuses, mostrando a importância espiritual que o jogo tinha para eles!

O documentário se chama o “Nascimento de uma paixão” e fala sobre as origens do futebol nas culturas antigas! Um detalhe importante é que o History Channel não estava sintonizado em nossa TV e somente hoje, por algum motivo, a Lucimara resolveu sintonizar este canal deixando a televisão ligada, algo que ela não costuma fazer. Coisas de sintonia e da sincronicidade!

Portanto mulheres, quando seus maridos ou namorados estiverem vidrados em um jogo de futebol lembrem-se de que talvez estejam relembrando um compromisso cósmico! Por isto tamanha paixão!

Brincadeiras à parte, gostaria de compartilhar outra sincronicidade, não tanto em tempo real como a que acabei de descrever, mas totalmente em ressonância. Em 2003 tive um sonho onde eu estava literalmente participando de um jogo de bola Maia! Lembro-me de detalhes da quadra de pedra, exatamente como a das ruínas das cidades mesoamericanas. Durante o jogo caí em um buraco que existia no centro da quadra. A sensação enquanto eu estava naquele buraco escuro era de sacrifício ou de morte iminente.

Acordei um pouco assustado e impressionado com a intensidade do sonho. É importante lembrar que naquela época eu tinha pouco ou quase nenhum conhecimento da cultura Maia. O que explicaria um sonho como aquele então? Vidas passadas, inconsciente coletivo, memória genética, uma inteligência atemporal? Acredito que tudo isto ao mesmo tempo.

Lendo o livro de Jenkins descobri que em algumas quadras do jogo havia mesmo um buraco bem em seu centro! Alguns estudiosos acreditam que aquele era um local de sacrifícios! Jenkins comenta que aquele buraco representava uma entrada para Xibalba, a “Fenda Escura”, onde se desenrola toda a jornada dos Heróis Gêmeos.

Naquela época em 2003 eu estava literalmente entrando em contato com meu submundo e enfrentando os aspectos sombrios da minha alma, os senhores do “meu” Xibalba, tendo passado inclusive por sacrifícios e renascimentos em meus sonhos!

O jogo cósmico também acontece dentro de nós. É necessário enfrentarmos nossos aspectos obscuros, passarmos pela morte, o sacrifício de uma velha consciência egocêntrica para renascermos mais iluminados, integrados, mais em contato com nossa natureza maior, espiritual e divina.

A Fonte da Vida

Falando em morte e renascimento um dos filmes mais inspirados e belos sobre o tema que já tive a oportunidade de assistir é a Fonte da Vida, de Darren Aronofsky, que também se baseia na cultura Maia para abordar este assunto. Além do enredo, iluminação, cenografia e trilha sonora belíssimos a excelente atuação de Hugh Jackman e Rachel Weiss contribuiram para o ambiente profundamente emotivo e espiritual do filme. Recomendo a todos que assistam a esta obra de arte poética sobre a morte, o renascimento, o amor e a busca pela totalidade do Ser.

Talvez o único detalhe da Fonte da Vida que mereça um ajuste seja o posicionamento de Xibalba, que no filme é representado por uma nebulosa, um berçário de estrelas e não o centro da galáxia. A não ser por este detalhe o simbolismo está perfeito.

Curiosamente “A Fonte da Vida” acabou de ser filmado no inicio de 2005, exatamente na época quando tive o sonho que originou minha busca pelo significado de 2012.

Ao assistir ao filme, que só foi lançado nos cinemas no final de 2006, além da sua beleza e inspiração poética, alguns detalhes me mostraram uma ressonância clara e quase que literal com o simbolismo do sonho, me trazendo uma mensagem ainda mais profunda, ampliando seu significado.  O filme inicia com uma citação bíblica:

“Assim Deus expulsou Adão e Eva do Jardim do Éden e colocou uma espada flamejante para proteger a Árvore da Vida.” Gênese 3:24

Esta foi a primeira ressonância, pois quando busquei o significado para o símbolo do âmbar descobri que ele se relacionava ao paraíso!

O mais surpreendente é que a cena que se segue à citação bíblica mostra um ostensório com o centro vazio, ou melhor, apenas com alguns fios de cabelo no lugar onde deveria haver outra coisa. Na religião católica este é um símbolo muito importante, pois o centro do ostensório sustenta uma hóstia consagrada, o corpo de Cristo, a presença de Deus. O fato dele estar vazio está em sintonia com a mensagem inicial do filme, da expulsão do paraíso, que representa um estado de vazio existencial, a sensação de desconexão com Deus.

Já na cena oito o mesmo ostensório é mostrado em close, porém em seu centro está uma pedra de âmbar, exatamente no lugar onde deveria estar a hóstia!

Se repararmos bem, o formato do ostensório lembra muito uma das cenas finais do filme (cena 19) onde o protagonista Tommy está bem no centro de Xibalba! Na verdade eles representam a mesma coisa, porém em estágios diferentes de realização!

Isto me lembrou a frase de Paulo em Coríntios 13:12: “Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.”

O próprio âmbar é uma seiva petrificada (um espelho, um enigma) e talvez a jornada para casa nos leve a torná-lo a seiva viva da Árvore da Vida, como mostrado lindamente no filme.

Este é exatamente o alinhamento do Primeiro Pai, Hu Hunahpu, com Xibalba, sua morte e renascimento! O renascimento para a vida eterna, para a presença divina! A irradiação plena do Centro Verdadeiro!

Outra sincronicidade impressionante é o fato de a cena onde aparece o âmbar pela primeira vez ser, cronologicamente, o início da jornada de Tommy rumo a Xibalba, ao alinhamento com o centro, exatamente como o âmbar em meu sonho representou o início de minha busca por este alinhamento!

Além disso, após a cena com o âmbar, logo na sequência, o primeiro impulso de Tommy foi enfrentar o falso centro espiritual, o inquisidor (o Sete Araras, ou o cão raivoso), de maneira exterior. No entanto a Rainha, uma representação óbvia da anima, de Sofia, ou mesmo de Hécate, o impede e o leva à verdadeira busca por liberdade, rumo ao Centro Verdadeiro! É no mundo interior que a verdadeira batalha é travada. Esta também foi a mensagem presente em meu sonho, onde o falso centro era representado pelos cachorros loucos ou os cães demoníacos!

Aproveitando o simbolismo cristão e Maia do filme lembro mais uma vez Paulo em Efésios 6:12 : “Pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.”

Este ensinamento não nos lembra a jornada dos Heróis Gêmeos ao Xibalba, para enfrentar seus senhores? Verdades universais, a Filosofia Perene ou, como diriam os hindus, Sanatha Dharma!

É também a Rainha quem diz uma das frases mais profundas:

“- Soa tempo de trevas, mas cada sombra, mesmo profunda, é ameaçada pela luz da manhã.”

Toda esta mensagem, este significado, este toque sobre os tempos de trevas, estava também presente no sonho com o âmbar!

Isto só me leva a confirmar que há realmente uma consciência coletiva e, o que é mais importante, uma inteligência maior que nos leva em direção à totalidade, ao paraíso, à comunhão com Deus!

Na mesma época em que tive o sonho e que a filmagem de A Fonte da Vida terminava, no início de 2005, Lee Carroll canalizou a seguinte mensagem de Kryon na ONU:

“No próximo mês, em cinco de março de 2005, haverá uma outra entrega de energia ao planeta. Nós não a nomearemos agora, pois ela tem muitos nomes diferentes em várias culturas. Esta energia não está necessariamente baseada no sistema solar, como muitas das outras estavam. Se procurarem, encontrarão histórias espirituais que diziam que isto poderia acontecer. A entrega de cinco de março será novamente sutil como as outras, no entanto não tão sutil para Gaia (a energia da Terra). Chamen-na de “implantação de um sentimento de originalidade ao planeta – a idéia original do paraíso.” Esta, portanto, é uma energia de lembrança da meta da criação do planeta Terra. Isto começará a visitar vocês em 5 de março de 2005. Se você está participando desta mensagem via transcrição, não está atrasado, pois esta é uma energia inicial e aumentará de agora em diante.

Pensem nestes eventos como uma série de luzes sendo entregues ao planeta lentamente, quando ele mais precisa delas. No entanto alguns de vocês dirão, “Com toda esta luz, por que há caos? Com toda esta luz, por que não há paz na Terra?” E agora eu darei a vocês uma outra metáfora para que possam entender o que está acontecendo, e porque é tão difícil qualquer tipo de paz neste momento.

A Metáfora da Taça

Nós lhes damos a metáfora da taça: Pense em uma taça ao Sol, mas com um véu sobre ela. O véu está criando escuridão, ou uma penumbra dentro da taça. Na taça há bilhões de entidades vivendo nesta escuridão. Muitas delas sobrevivem dentro de um “paradigma de escuridão”, pois têm estado na escuridão por éons de tempo. Algumas delas na verdade se “alimentam” de escuridão (uma metáfora clássica de Kryon que significa que a escuridão sustenta estas entidades e seu corpo biológico). Portanto, suas vidas estão acostumadas com a escuridão, e dependem dela.

Estas entidades, que sobrevivem na escuridão, se mantém afastadas da luz, pois não podem sobreviver nela – não com a “biologia obscura” que desenvolveram. Agora, nesta taça, há aqueles que buscam a luz e sustentam a luz, mas são poucos, já que a escuridão é a norma da taça e tem sido assim por muito tempo. Portanto, aqueles que escolhem o paradigma da luz esforçam-se mais. É uma vida mais difícil.

Agora nesta metáfora, diremos que de repente o véu é retirado e a taça é inundada com luz. A primeira coisa que acontece é o caos para aqueles que não podem mais encontrar o sustento da escuridão! Eles ficarão muito raivosos, pois sua “norma” foi perturbada. Em seguida, muito mais entidades da luz se desenvolvem na taça, pois elas viram esta luz e a estão absorvendo. Assim como sementes plantadas à noite, elas esperavam a vinda do Sol, e agora respondem. Estes são aqueles que nunca se sentiram à vontade com a penumbra do passado.

Deixe-me perguntar-lhe: “ o que você faria se fosse uma das entidades obscuras que dependiam do sustento da escuridão e de repente, fosse mais difícil encontrá-la?” Eu sei que esta é uma metáfora, mas ela é simples e compreensível. Eu lhes direi isto, meus queridos, que quando vocês acendem a luz em um lugar que tem sido escuro por muito tempo, toda a feiúra se mostra! É como ir a uma floresta antiga e de repente desfolhá-la e levantar suas rochas para ver o que está por baixo. Coisas que sempre estiveram lá agora se mostram claramente, coisas que você nem sabia que existiam anteriormente.

E por que esta taça precisa ser exposta? E por que isto precisa acontecer? É devido às decisões em massa da humanidade chamada Convergência Harmônica, e isto começou a rolar a bola que irá inundar o planeta com luz. No processo, muitos cairão à margem, muitos em caos, muitos com raiva, e muitos não conseguirão. Outros se ajustarão, mas aqueles que “sentirão” mais a mudança serão aqueles que estão ouvindo e lendo esta mensagem – os que têm esperado por esta luz. Nós os chamamos de Faróis e Trabalhadores da Luz.

Anteriormente nós falamos sobre uma guerra entre a velha e a nova energia. Ela está diante de vocês e estará atrás de vocês se usarem os ensinamentos que temos lhes oferecido, pois a paz na Terra pode ser alcançada em seu tempo! A taça é a Terra e está em caos porque está em uma grande transição. Querido Ser Humano, cabe a você, individualmente, criar a divindade a partir de dentro. Indivíduos que permanecerem na luz criarão uma fonte de luz maior. Aqueles que têm se alimentado da escuridão tem uma escolha, assim como você. Eles podem compreender e aceitar – um novo paradigma no planeta – ou podem lutar até a morte, o que muitos farão… Muitos farão.

Há anos atrás nós lhes dissemos que até um por cento do planeta precisaria partir antes que a energia mudasse completamente. Depois, nós mudamos isto. A energia tinha mudado novamente, com vocês no controle, e dissemos que mesmo que um por cento não fosse necessário, muitos partiriam. Dissemos que as próprias mudanças na Terra estariam envolvidas nisso, e estavam, bem recentemente (tsunami). Talvez não tenha parecido justo aos seus olhos, mas precisavam ver isto.

Em sua vida, nestes últimos meses, Gaia mudou mais do que nos últimos cem anos, assim como havíamos dito que aconteceria. Acham que foi um acaso? Estas coisas estão todas aí para que vejam, e muitas foram preditas.

Portanto, diremos algumas coisas antes de terminarmos. Quanto mais sustentarem sua luz individualmente, mais a Terra responderá onde quer que vocês andem. À medida que aumentarem a luz, a escuridão precisará retroceder. Eu sei que estamos falando metaforicamente, mas isto quer dizer: Cuidem de sua própria integridade, um por um neste grande lugar, e ele mudará! Sustentem suas luzes individualmente e observem o que acontece.”

Mais uma vez, a mensagem do retorno de uma energia original de Paraíso, associada com um aparente aumento do caos, de energias obscuras!

Tantas “coincidências”! É interessante que há pouco tempo, quando falávamos de 2012 em uma lista de discussão na internet uma pessoa me disse em tom de crítica: “Cada um vê sinais onde quer.” Concordei com ela, mas para equilibrar deveria ter acrescentado: “Só não vê os sinais quem não quer, ou quem realmente não pode vê-los.” As evidências da transformação que Kryon descreve e que os Maias já previam há tempos estão todas ao nosso redor, basta ter olhos para ver.

Uma outra sincronicidade interessante que enfatiza a ação das energias obscuras e também da orientação e “proteção” divinas ocorreu em janeiro de 2010 quando já tinha escrito boa parte deste texto: Eu estava com meu computador na porta de casa, juntamente com um técnico, para testar uma antena para internet rural que havia comprado, quando dois homens em uma moto pararam e com uma arma prateada na mão anunciaram um assalto levando nossos notebooks. Procurei me manter centrado e não reagir àquela investida, expressando a intenção de irradiar minha energia do centro.

Tudo ocorreu muito rápido e nosso único prejuízo foram mesmo os computadores. Imediatamente o que mais me preocupou foi o texto de mais de vinte páginas que vinha escrevendo, já que eu não tinha feito nenhum back up. Então lembrei-me de que no dia anterior eu tinha enviado aquele texto por e-mail para um amigo. O texto estava salvo!

Minha preocupação então foi como conseguir um novo notebook, pois nossa situação financeira não nos permitia comprar um novo naquele momento. Mas, uma semana depois viajei para o Rio de Janeiro para ministrar um curso de EMF e duas situações inusitadas acabaram gerando os recursos que eu precisava para comprar o novo pc.

Já com os recursos em mãos eu e Lucimara fizemos uma pesquisa para encontrar o computador com o melhor custo benefício. Então Lucimara finalmente encontrou e me disse: “Encontrei! Há um note da HP com as características que procuramos: o modelo dv4 vinte doze.” Imediatamente eu comentei: modelo 2012?! É este mesmo! Sim, mais uma mensagem do universo sobre 2012 desta vez como uma ferramenta de trabalho.

 

Discernimento Espiritual – A Batalha entre a Velha e a Nova Energia

 

Bem, continuando nossa viagem pelos significados de 2012, gostaria de aproveitar os ensinamentos de Kryon sobre a batalha entre a luz e a escuridão para abordar outra faceta interessante desta dinâmica e do momento de grandes mudanças que vivemos.

Aqueles que conhecem e estão familiarizados com as mensagens, o amor e as informações esclarecedoras de Kryon, assim como eu, dispensam uma apresentação, ou uma prova de sua presença divina e inspiradora. No entanto, muitos olham com desconfiança para o processo de canalização em geral, quase como se fosse uma heresia, um atestado de enganação, até mesmo dentro do meio espiritualista.

Por um lado isto é compreensível, pois atualmente há tantas canalizações e “canalizações”, algumas das quais unicamente com o objetivo de atender às agendas e interesses do “canalizador”, que muitos preferem não se arriscar a utilizar estas informações.

Mas, tudo isto é parte da transição e, mais uma vez, como em tudo na vida humana, o discernimento, a intenção pura e a escolha é que vão nos ajudar a nos alimentar da luz ao invés da escuridão.

De qualquer maneira o que fica evidente para mim é que nestes momentos onde mais luz entra na taça e que aqueles que se alimentam da escuridão tentam manter seu paradigma, precisamos afiar nosso discernimento, pois muitas vezes a obscuridade se fantasia de luz para manter sua agenda.

Gostaria agora de transcrever trechos do livro “Maya Cosmogenesis 2012”, onde Jenkins aborda o mesmo tema por outro ângulo:

“Os Reis Maias sentavam-se em seus tronos, símbolos do centro cósmico, e conjuravam a inspiração criativa ao redor da qual o império Maia se cristalizava, como se a partir do nada. Este poder de conjuração sustentou a Civilização Maia enquanto ela durou; foi o conduto espiritual para o Coração do Céu e uma conexão com a fonte da vida, o conhecimento cósmico, e o poder político. A conjuração era uma evocação da divindade para este reino, um tipo de nascimento, uma canalização de seres e energias através da “Grande Estação Central” do centro cósmico. De que outra forma, influências transdimensionais emergem em nosso mundo a menos que tenham sido trazidas através do nexo central via um tipo de conjuração? A criação se manifesta, é organizada e definida através de tal ato.”

“O mito Azteca, no qual monstros do céu, os tzitzimime, descem para devorar a humanidade no fim do Quinto Sol, pode ser uma metáfora para um processo natural na evolução das civilizações.

No pináculo de qualquer época de crescimento, uma sociedade começará a manifestar seus aspectos sombrios, aspectos estes que estavam inconscientes. Então se torna um desafio coletivo abraçar nossas projeções e procurar unidade através da união com aquilo que tememos.

Outra interpretação possível é a de que este mito não é uma metáfora, mas na verdade prevê a chegada de entidades transdimensionais autônomas, prontas para perseguir suas próprias agendas. Dentro do movimento Nova Era a canalização me chama a atenção como um aviso para esta possibilidade e precisamos ter cuidado para não sermos enganados. Nós deveríamos, portanto, questionar de forma aberta, inteligente e consciente aqueles que se dizem canais para seres de outros reinos.

Eu sinto que dentro de algumas das retóricas da Nova Era nem mesmo importa se o que é dito faz algum sentido – a própria idéia de que a mensagem é o evangelho falado de algum ser transdimensional ou de um Rei Maia morto é o bastante para garantir reverência e lealdade. O perigo é que qualquer lapso em nossa discriminação ou capacidade de discernir poderia nos entorpecer em um feitiço inconsciente, ao invés de estimular nosso despertar.

O alinhamento galáctico pode, de fato, estar nos oferecendo um maior acesso à comunicação transdimensional com inteligências espirituais, mas as implicações disto não são simples. Parece-me que nosso desafio é nos alinharmos com um desejo não egoísta de compreender nosso lugar na grande cena e cultivarmos a intenção de trabalharmos para o bem de toda a ecologia multidimensional de seres dos quais somos uma parte.”

A canalização ou inspiração divina é algo natural e sempre esteve presente na história humana, pois faz parte do “projeto cósmico”. No entanto, devido ao denso véu de consciência, ou energético que nos envolve, ainda muito poucos acessam a fonte com a pureza necessária.

E, para deixar as coisas um pouquinho mais confusas, há aqueles que se fazem passar por mensageiros, profetas, canalizadores e mestres, apenas para “beneficio” pessoal, egóico, “canalizando” suas próprias crenças ou simplesmente fazendo um apanhado das mensagens já existentes utilizando-as como se viessem da fonte através deles. Alguns agem de má fé e outros acreditam realmente no que estão fazendo, mas falta-lhes a intenção pura e o trabalho interior necessários para se tornarem instrumentos do Ser.

No processo de canalização puro há uma energia que pode ser sentida, muito além das palavras. É notório para quem já desenvolveu certa sensibilidade. Quando digo puro, falo da energia, pois em qualquer processo como este há sempre um pouco de animismo, ou seja, um pouco da energia do humano, da personalidade que transmite a mensagem. Mas esta característica, quando há a intenção pura, não “polui” a mensagem espiritual, mas dá a ela um sabor próprio, um tom característico.

Nos foi dito para “separarmos o joio do trigo” e talvez isto seja ainda mais necessário neste momento de transições. Mais uma vez digo que isto é necessário não para iniciarmos uma nova “caça às bruxas”, ou gerar separatividade, mas para cuidarmos da sintonia que desejamos estabelecer, afinal de contas também nos foi dito “que atire a primeira pedra quem nunca pecou.”

Ainda dentro deste tema de canalização e discernimento gostaria de compartilhar outra experiência que tive:

Em 2003 veio ao Brasil uma pessoa que se anunciava como divulgador de Kryon. O curioso é que ele parecia acreditar ser o único a conhecer Kryon na língua portuguesa e desconhecia que no Brasil as mensagens de Kryon já eram traduzidas e disponibilizadas na internet desde 2001. Bem, o fato foi que ao saber que no Brasil havia um professor de EMF, uma técnica de equilíbrio energético citada no livro VII de Kryon, o dito cujo ficou super interessado e entrou em contato comigo, que sou professor e praticante da EMF desde o ano 2002, com o intuito de aprender a técnica.

A partir daquele contato uma série de sincronicidades e sonhos começaram a me revelar que as intenções daquela pessoa não eram tão puras quanto ele queria que parecesse. Então quando o encontrei pessoalmente, depois de viver algumas situações desagradáveis, pude comprovar o que a intuição já vinha me alertando. Havia nele realmente a tendência de usar informações, nomes e até mesmo técnicas desenvolvidas por outras fontes principalmente para sua autopromoção, sem nenhuma consideração ou respeito pelo trabalho que outros vinham realizando.
Aquelas experiências serviram como um alerta para mim, pois alguns meses depois aquela mesma pessoa retornou ao Brasil, desta vez anunciando-se como canal de Kryon, encorajado por uma suposta mensagem elevada, canalizada por outra pessoa, com a qual, aliás, eu também não me afinisava.
Quando soube do fato fiquei perplexo. Eu já sabia das intenções duvidosas daquele individuo, mas não acreditava que pudesse chegar a tanto, se anunciando como canal de Kryon. Além do mais, ao ler as mensagens escritas por ele não sentia a mesma ressonância, a mesma energia amorosa e familiar de Kryon que sinto através de Lee e nos momentos onde eu mesmo faço a conexão.
No entanto, sabendo que todo ser humano pode se transformar e mudar sua atitude e consciência preferi não julgar a priori e fui direto à Fonte em busca de respostas. Realizei um exercício da EMF onde fortaleci minha Energia do Centro e naquele estado de expansão e maior conexão expressei a intenção de que me fossem trazidos esclarecimentos sobre o fato.
Naquela noite tive um sonho lúcido:

“Eu estava em um aeroporto para receber Lee Carroll (canal de Kryon) e Steve Rother (canal dO Grupo). Quando os dois chegaram nos abraçamos como se fossemos velhos amigos. Lee olhou para mim e disse, “Eu vim para lhe trazer uma mensagem de Kryon”. E então, assim como faz quando canaliza, Lee sentou-se em uma poltrona e começou a canalizar. A mensagem de Kryon através de Lee foi a seguinte:

“Gustavo, qualquer pessoa pode canalizar a energia de Kryon, a energia divina, pois isto não é exclusividade de ninguém. No entanto, para que a energia divina seja canalizada de forma pura é necessário um preparo do próprio canalizador. Seu corpo precisa estar purificado e seu DNA ativado para que minha energia seja captada e transmitida sem interferências. Muitas pessoas que dizem canalizar Kryon canalizam apenas 20% de minha energia e muito de suas agendas e crenças pessoais. Tenha paciência e use o discernimento. Você se aproximará cada vez mais da família.”

Durante o processo de canalização tive uma visão dentro da visão! Vi formar-se uma espécie de “bolha interdimensional” ao redor do Lee. Era como se alguns véus de percepção fossem retirados e me fosse permitido “ver” o que estava acontecendo em outra camada da realidade. O que observei foram símbolos, formas geométricas, cores, números e até mesmo notas musicais chegando de toda parte ao redor de Lee (em 360 graus), sendo então absorvidas por seu corpo e traduzidas em palavras!”

Bem, a mensagem não poderia ter sido mais clara. Além da resposta à minha questão, ali estavam toques e potenciais que somente se manifestariam mais tarde para mim.

Como falei anteriormente, 2003 foi um ano que marcou o início de um ciclo de intensa purificação interior, que teve seu desfecho em 2005. Acredito que aquele período tenha sido uma preparação para o que viria.

Naquela época eu nem pensava em conhecer Lee Carroll e Steve Rother pessoalmente, dois dos canalizadores com quem mais me afinizo e através dos quais mais sinto a energia do espírito. Então exatamente em 2005, de forma inesperada, recebi um convite para ser o tradutor de Lee Carroll em seu primeiro evento de canalização na América Latina, que se realizaria em Buenos Aires na Argentina em maio de 2006.

Eu nunca havia feito traduções consecutivas em minha vida, mas aceitei o desafio e o convite do universo. Foi uma experiência maravilhosa e a julgar pelos comentários de alguns dos 60 brasileiros que lá estiveram, acredito que tenha desempenhado bem o meu papel. Muitos comentaram que podiam sentir nitidamente a energia de Kryon através da tradução. Eu também pude sentir e afirmo que não é uma simples tradução de um idioma para outro, mas literalmente da energia que flui através do corpo e se transforma em palavras. Uma experiência mágica. Com certeza o ciclo de purificação que eu havia vivido tinha me preparado para aquele momento.

Na Argentina tive a oportunidade de “me aproximar ainda mais da Família”, como Kryon havia me dito no sonho. Além de conhecer muitos brasileiros e sul americanos que se afinizam com sua mensagem pude também conhecer Lee Carroll e outros membros da Família Kryon pessoalmente. Foi lá também que fiz o convite para que Lee viesse ao Brasil o que acabou se tornando uma realidade em fevereiro de 2008, onde outra parte daquela visão se materializou, pois eu literalmente fui ao aeroporto receber Lee Carroll!

O 1º Evento Kryon no Brasil foi maravilhoso e novamente tive a oportunidade de ser o tradutor, não apenas para Lee/Kryon, mas toda a equipe: Peggy Phoenix Dubro, Dr. Todd Ovokaitys, Tommy e Martina, Robert Coxon e Pepper Lewis. Novamente foi uma experiência inesquecível. Durante e após o evento, que contou com cerca de 400 pessoas, eu e Lucimara ouvimos muitos elogios e agradecimentos, principalmente quanto ao ambiente harmonioso que se formou. Claro que nós fomos apenas duas das peças de um quebra cabeças muito maior onde todos participaram, portanto os agradecimentos vão para todos os que participaram e tornaram aquele evento possível.

Mesmo que tenha sido desafiador para nós organizar um evento daquele porte, tudo fluiu perfeitamente. O cansaço que sentíamos logo antes do início do evento simplesmente desapareceu quando o mesmo começou. Percebíamos uma energia muito forte, amorosa e vitalizante nos apoiando durante todo o tempo. Foi literalmente uma bênção para nós e, acredito, para todos os que participaram conosco daquela reunião de almas.

Depois, em agosto de 2009, outra parte daquela visão de 2003 se manifestou, pois fui pessoalmente receber Steve Rother no aeroporto para o primeiro evento Lightworker no Brasil. Mais uma vez, além de organizador, junto com Lucimara, fui também o tradutor para mais um evento mágico da Família da Nova Energia. O encontro com Steve e Barbara foi literalmente um reencontro com velhos amigos.

Bem, eu quis compartilhar esta experiência, com todas as suas nuanças, por que ela ilustra de forma clara o fato de que no centro do universo, no centro de nosso próprio Ser, existe uma realidade atemporal, uma consciência, uma linguagem divina, que tanto sustenta os potenciais do que pode ser (futuro), quanto as soluções para nossas questões, nos ajudando a discernir a verdade da ilusão, a nos purificarmos e a vivermos no agora. Uma inteligência, uma sabedoria, que nos conduz ao nosso lugar único e sagrado na grande sinfonia da vida, para mais perto de casa, da família divina, do próprio centro.

Finalizando estas reflexões gostaria de dizer que a canalização nada mais é do que uma mensagem divinamente inspirada como, aliás, são todas as escrituras sagradas do planeta. Será que somente as antigas escrituras sancionadas por tradições religiosas contém a verdade divina, ou será que a Fonte continua a se expressar através de humanos inspirados trazendo as mesmas verdades eternas com roupagens mais atuais e potenciais mais afins com nossa época?

Eu fico com a segunda opção. Aliás, em seu tempo foi Jesus quem disse que ele não tinha vindo para destruir a Lei e os profetas (as antigas mensagens inspiradas e seus canalizadores), mas dar-lhes cumprimento. No entanto, ele trouxe boas novas também, ou seja, uma nova roupagem para as verdades eternas do espírito.

Assim também foi com outro grande mestre, Paramahansa Yogananda, que veio no séc. XX reavivar a mensagem crística no ocidente e também trazer as mesmas verdades eternas presentes na tradição védica como o Bhagavad Gita e as ferramentas para a realização destas verdades com a Kryia yoga. Após escrever sua interpretação do Bhagavad Gita Yogananda exclamou: “Eis que nasce uma nova escritura! Milhões encontrarão Deus através deste livro. Eu sei, eu vi!”

Portanto, as mensagens divinas continuaram e continuam a ser canalizadas para a humanidade, porém com novas roupagens de acordo com o seu momento cultural. Sua essência continua a mesma, “o homem tem Deus em seu interior e sua meta principal é se alinhar com ele, viver esta verdade com todo seu coração, permitindo que a luz divina flua livremente através dele, influenciando então a cultura, a sociedade e o próprio planeta”.

Acredito que o grande diferencial da época atual é que o cosmo, o universo, a energia ao nosso redor está mais favorável, contribuindo para que a humanidade realize sua apoteose, a realização da divindade interior. Isto mudará a face da Terra que poderá se tornar novamente um paraíso, a morada dos deuses.

Isto é o que os maias previram e o que Kryon, o Grupo e outras fontes espirituais nos informam que já está ocorrendo.

Nosso grande desafio é vivermos esta meta em meio à era pós-moderna, com todas as suas características, complexidades e desafios. É por isto que novas informaçõesnovas ferramentas novas energias também estão chegando ao planeta agora, pois estão mais em sintonia com esta era e seus potenciais.

Pois bem, este texto continuará, pois muitas outras experiências ocorreram se encaixando na história e expandindo seu significado, mas por hora farei um encerramento circunstancial devido à importância do momento que vivemos (outubro de 2014), quando Kryon nos alerta sobre o recrudescimento da batalha contra as forças obscuras da consciência, para que ele possa servir como reflexão e inspiração em nossas batalhas pessoais.

Que a luz ambarina da armadura do espírito, o escudo do conhecimento e a espada da verdade sejam nossas armas contra as forças obscuras da corrupção, da ignorância e do medo. Nossa viagem continuará cada vez mais iluminada! O amor e inteligência divinas estão conosco sempre.

E assim é.

14/08/2023
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