O Pequeno Mestre

No domingo (05/10/2003) fomos ao Parque Nacional da Serra do Cipó, um local com belas cachoeiras em meio às montanhas, próximo a BH, com a intenção de estarmos mais em contato com Gaia. Naquele passeio uma mensagem profunda e sincronística estaria nos esperando!

Já na entrada do Parque Nacional a dinâmica energética começava a se manifestar sem que tivéssemos uma maior consciência dela. Enquanto preenchíamos a ficha de entrada, chegaram uma mãe e seu filho de aproximadamente 6 anos de idade. Enquanto estávamos ali um pequeno diálogo chamou minha atenção. O pequenino se dirigindo à sua mãe perguntou em um tom também de afirmação: “Mãe, você é surda, é?!” A mãe um pouco envergonhada com a “petulância” da criança respondeu displicentemente: “Não, meu filho. Eu não sou surda não.” E o pequeno então respondeu de pronto: “É sim! Você é surda sim!”

Aquele pequeno diálogo amoroso entre uma mãe e seu filho chamou a minha atenção porque sei que estas crianças tem uma sabedoria que muitas vezes escapa à nossa percepção. Talvez fosse a isto que o menino se referia quando chamava a atenção de sua mãe quanto à sua “surdez”.

Depois deste breve interlúdio continuamos nossa jornada em uma caminhada de 2 horas pelo parque. Já no início da trilha Lucimara chamou minha atenção para uma cena muito bela e simbólica. Em meio às cinzas de uma queimada recente que afetara todo o parque pequenas plantinhas avermelhadas surgiam em meio ao verde de algumas gramíneas que já nasciam. Lucimara comentou: “Esta cena daria uma bela foto, e seu nome seria Fênix.” Perfeito, a natureza mostrava ali o seu potencial de renascimento, mesmo em meio a uma aparente devastação. Continuamos nossa caminhada, curtindo a energia do ambiente até chegarmos ao nosso destino, a Cachoeira da Farofa.

Já nas proximidades da cachoeira resolvemos parar e descansar em uma pedra em meio ao riacho, rodeado por árvores. Logo de cara surgiram dois seres que tem uma profunda ressonância conosco nos dando as boas vindas, uma borboleta azul e um pequeno beija flor que pairou no ar bem à nossa frente. Pouco depois começaram a chegar várias pessoas como que justificando o nome daquela cachoeira. Alguns passavam carregando caixas de cerveja, garrafas de whiskie e outras bebidas. Percebendo aquele movimento resolvemos permanecer ali onde estávamos, pois queríamos um pouco mais de recolhimento.

Para não perder a oportunidade fui até a cachoeira que estava a poucos metros de nós e dei um mergulho me refrescando naquelas águas cristalinas. O local estava bem cheio e podia-se escutar o zum zum zum característico. Voltei para junto de Lucimara e refleti um pouco sobre a situação. Apesar de estar um pouco incomodado com aquela movimentação compreendi que todos aqueles humanos divinos estavam ali para receber o suporte energético de Gaia, mesmo que não tivessem consciência disto. Foi então que pegando meu tarô pedi a Gaia que me mostrasse que energia ela gostaria que eu irradiasse para auxiliá-la naquela tarefa de reequilíbrio. Ao tirar a carta, a energia estava representada por um ser que apresentava o torso humano e a cabeça de um leão, segurando um aro de fogo em volta de si mesmo. A palavra chave que representa esta energia é coragem. Coragem para se assumir a própria verdade e também coragem para se enfrentar as lições que programamos para nós mesmos em nossa experiência humana. Consciente da energia que deveria irradiar, busquei a referência daquela energia dentro de mim e visualizando uma esfera de luz entre minhas mãos imaginei aquele símbolo sendo irradiado para todo o ambiente, para que toda aquela energia entrasse em ressonância com aqueles que assim escolhessem. Enquanto estava lá de olhos fechados irradiando, ouvi uma voz de criança perguntando: “O quê que você está fazendo?” Ao abrir os olhos vi que era o mesmo garoto que encontrara na entrada do parque. Respondi: “Estou irradiando energia.” E ele perguntou: “Ela está dentro da bola?” Respondi que sim e que poderíamos sentir sua presença em todos os lugares. Um pouco depois ele exclamou: “Que legal! A energia de Deus!” Fiquei surpreso com a atitude espontânea e a descrição precisa do que realmente era! Enquanto travávamos aquele pequeno diálogo sua mãe brincava absorta com a água do riacho. Quando ela se virou para mim, vi em sua camisa uma enorme cabeça de leão, exatamente igual à que estava na carta que tirei! A ressonância foi profunda e imaginei que ela estivesse justamente buscando aquela energia.

Ainda brincando o garoto se aproximou de mim e apontando um pequeno riacho disse que iria atravessar para o outro lado. Antes disto apontou para uma pedra pontuda bem no meio dele e perguntou: “E se eu cair e bater naquela pedra?” Confesso que não soube responder, mas não foi necessário, pois ali era ele quem tinha as respostas e nos trazia o ensinamento. Sem titubear disse: “Não tem problema, é só eu pisar sobre a pedra e atravessar para o outro lado!” E assim ele fez! Só hoje compreendi a lição de sabedoria que aquele pequeno irradiou para os que ali estavam. Os obstáculos no meio do caminho, que aparentemente podem nos ferir, servem de apoio para que possamos dar o próximo passo e alcançar a margem segura! Não sei se sua mãe ouviu o que ele disse, mas se prestar atenção poderá perceber que o universo já enviou a coragem que ela busca!

Sou grato a este Pequeno Mestre e hoje tenho consciência de que a energia de coragem e sabedoria que estava sendo irradiada naquele momento era também para mim e todos os que assim escolhessem.

E assim encerro a tecitura de mais esta malha de consciência onde as energias de Gaia, da criança, da coragem, enfim de Deus, como disse o pequenino, nos presenteiam com sua beleza.

27/09/2020
O Farol - Todos os Direitos Reservados