Armagedom – A Batalha Final

A segunda semana de junho de 2013 foi repleta de movimentos importantes por todo o Brasil e merece uma reflexão ampla. Gostaria de ressaltar dois deles que tiveram focos diferentes, mas que, de ângulos diversos, apontaram para a mesma questão, a VIOLÊNCIA. O primeiro, os protestos em São Paulo contra o aumento dos preços das passagens que se tornou notório pela reação da polícia. O segundo, o protesto “Estou Apavorado” ocorrido em Fortaleza, contra a violência urbana e o descaso das autoridades para com a questão.
Mas, o que isto significa realmente? Como estas coisas afetam minha vida e como eu participo nesta batalha contra a violência e a opressão? Serei uma vitima indefesa? Será que de alguma forma contribuo para este cenário, direta ou indiretamente? Existe alguma coisa que eu possa efetivamente fazer para mudar este cenário?
Bom, cada um responderá a estas perguntas de maneira diferente, de acordo com suas crenças, percepções e de perspectivas diversas. Talvez não haja uma única resposta, mas um conjunto delas interligadas em vár
ios níveis.
Gostaria de contribuir para esta reflexão compartilhando uma experiência pessoal que me revelou como nossas escolhas e o trabalho interior podem afetar a “realidade exterior”, contribuindo para a mudança de cenários dos quais não desejamos mais participar.
O ano era 2002 e em meu mundo interior estava travando uma batalha contra as “forças das trevas”, a sombra segundo a psicologia analítica de Jung, fato que se anunciara em um sonho que tive no segundo semestre de 2001 que poderei relatar em outro momento.
Naquela época (segundo semestre de 2002) estava em alta a discussão sobre a violência urbana devido ao assassinato brutal do jornalista Tim Lopes.
Foi durante aquele momento de comoção nacional que tive um sonho muito interessante, seguido por uma sincronicidade que deixou evidente a ligação entre o mundo interior e o mundo exterior e como escolhas conscientes podem modificar os potenciais da realidade!
No sonho estava na casa de meus pais, onde morava na época, quando uma quadrilha de bandidos do Rio de Janeiro invadiu nossa residência, intimidando a todos com armas de fogo e ameaças diversas. O líder da quadrilha era ninguém menos que Elias Maluco, o símbolo máximo da violência naquele momento da história do nosso país.
Diante da intimidação todos de minha família se renderam aos bandidos. Observando a situação humilhante me rebelei contra aquele abuso e corri para um ponto mais alto da casa, saindo do raio de ação dos assaltantes que ficaram perplexos diante da minha reação.
De cima da laje onde estava pude ver um caminhão de lixo bater contra o portão da casa, derrubando-o no chão. Observei também os bandidos saírem correndo por aquela passagem e se entrincheirarem no lote vago bem em frente. Devido à minha reação inesperada eles haviam recuado um pouco.
Eu sabia que aquela era uma pequena trégua e que em breve os marginais voltariam a atacar. Foi naquele instante que recobrei a lucidez dentro do sonho! Estava plenamente consciente em meu mundo interior! Ao recobrar a consciência fiz uma espécie de conexão com o universo e disse: “Não tenho mais nada a aprender com uma experiência como esta. Eu escolho não me submeter a esta violência. Tenho outros aprendizados e muito mais coisas a explorar e descobrir!”
Logo após ter expressado minha intenção daquela maneira, percebi três dos assaltantes subindo na laje onde estava. Imediatamente me atraquei com eles em uma luta final. Enquanto brigávamos um deles foi baleado e caiu do telhado, outro foi alvejado pelo disparo da mesma arma de seu colega e finalmente me vi diante do último “bandido”. Foi então que a arma que ele carregava também disparou ferindo-o mortalmente. Eu parecia estar vivendo o Salmo 91, em uma escala mais reduzida!
Quando olhei para sua face reconheci um garoto da favela que costumava brincar com minha turma, em um bairro de classe média alta, durante nossa infância!
Curiosamente ele estava sorrindo! Sua face estava irradiante de gratidão e alegria! Antes de cair o rapaz pegou seu rifle e me entregou. Ao olhar para a arma vi um nome gravado: “ARMAGEDDON”. Seria ele um anjo trazendo uma arma divina? Naquele momento soube que tinha recebido um poderoso presente contra a violência e a opressão! E o “sonho terminou” ali.
Quando despertei tinha a certeza de que havia vivido uma experiência transformadora e libertadora!
Ainda estava integrando todas as mensagens e energias daquela batalha interior quando outra de suas facetas emergiu no mundo da consciência revelando a reverberação que o mundo invisível provoca nos acontecimentos da “vida real”!
Uma semana após o sonho meu pai recebeu um telefonema de um primo meu que morava no interior, na região onde minha família possui uma pequena fazenda.
Ele estava ligando para dizer ao meu pai que surgira um boato de que havia uma quadrilha do Rio de Janeiro naquela região planejando assaltar a fazenda ou sequestrar alguém da nossa família em uma data específica!
Ao ouvir a notícia meu pai tomou as providências que achou apropriadas e contatou um detetive e a polícia civil.
Os policiais, juntamente com meu pai, resolveram armar uma emboscada para surpreender os bandidos. Antes da data do suposto sequestro alguns policiais, além de meu irmão e um amigo, foram até a fazenda e ficaram de tocaia dentro da casa para não despertar suspeitas.
No dia marcado meu pai dirigiu para a fazenda, como faz costumeiramente, porém desta vez acompanhado de dois policiais armados dentro do carro.
Chegando à fazenda os três se juntaram aos outros que já estavam na casa e ficaram de tocaia a noite toda! Meu irmão disse que o clima era de tensão total! Estavam todos armados, sem dormir, aguardando uma possível batalha contra marginais que poderiam estar portando fuzis AR15, submetralhadoras e todo este arsenal bélico que sabemos que o tráfico e o crime organizado de nosso país possuem.
A noite passou e a batalha não ocorreu! Na verdade ela já havia acontecido em outro plano da realidade!
Não se sabe exatamente o que aconteceu, mas posteriormente os investigadores puderam constatar que na data em questão havia realmente marginais do Rio de Janeiro rondando a região, mas foram embora sem causar maiores problemas.
Bem, não acredito em coincidências e para mim a minha escolha consciente afetou e alterou um potencial que poderia se manifestar, atingindo minha família e também a mim.
Os próprios símbolos do sonho revelam uma importante mensagem:
Quando resistimos à nossa própria violência, recusando nos a nos render a ela, temos a oportunidade de recolher e transformar o nosso lixo interior e nos elevarmos a um local seguro e sagrado onde despertos da ilusão e conscientes de nosso poder divino podemos expressar para o universo nossa escolha e intenção de vivermos experiências mais prazerosas e iluminadas.
A inteligência cósmica, da qual fazemos parte, atende à nossa intenção pura e envia seus anjos e “armas” que nos mantém em segurança durante nossa batalha interior, nosso Armageddon pessoal.
E assim, mudando primeiro a nós mesmos modificamos a realidade ao nosso redor, contribuindo para a criação de um novo mundo, aquele no qual escolhemos viver.

20/09/2020
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